De Santos à Baixa e ao Chiado
Da cota 05 à cota 40m, 5.6 km
As noites Lisboetas continuam a ser apetecíveis, mesmo com uma pequena baixa da temperatura. 18ºC pode já ser fresco para algumas pessoas, mas não para quem se faz deslocar pela cidade de ...... bicicleta.
Se há coisa que eu não senti ainda este ano, foi frio. Pedalar para ir para o trabalho, dar aulas, para a universidade, ao supermercado, ao cinema, ao encontro dos amigos, ou simplesmente vaguear pela cidade, tem destas vantagens.
Esta noite, depois de jantar não me apetecia estar em casa. Com a Baixa mesmo aqui ao lado (1500m), 6 minutos a pedalar colocam-me na Rua Augusta numa ápice. Os carris do eléctrico já não metem medo, principalmente com a minha urbana de roda 28" que atravessa tudo sem problemas, e até mesmo a calçada da Rua do Arsenal se tornou suportável, já que a utilizo quase todos os dias.
Depois de umas voltas pelo Rossio e pela Praça da Figueira, sigo até ao Chiado, subindo na mudança mais leve que tenho na bicicleta, pelas Ruas do Carmo e Garrett.
A 5 km/h, sem pressas, o esforço é reduzido ao mínimo indispensável para fazer avançar a minha bicicleta naqueles cerca de 8 a 9% de inclinação e uns 800m de distância. Estas são das ruas mais inclinadas que subo nas minhas pedaladas pela cidade.
Tirando ruas deste género, todas as outras têm inclinações muito inferiores, abaixo do 5%. Av. da Liberdade, Fontes Pereira de Mello, Av. da República (muito suave), Av. António de Augusto de Aguiar que muitas vezes me leva à Praça da Espanha, são todas avenidas mais suaves que estas ruas, que subo ocasionalmente.
Mas o gozo de andar de bicicleta pela zona histórica da cidade supera o esforço. E não sou o único. Vi talvez uma dezena de utilizadores de bicicleta esta noite, e mais uma meia dúzia equipados a rigor para a prática de desporto ciclistico. Uma criança inclusivé. Todos com luzes, como deve ser à noite. Eu chego mesmo a andar com as luzes ligadas durante o dia. Estudos indicam que assim reduzo em muito as probabilidade de acidente.
(A minha máquina no Largo do Camões. Reparem nos reflectores deste tipo de pneus, que "devolvem" a luz do flash. Excelentes para circular à noite, pois os automobilistas vêem-me melhor. Para além é claro, das luzes à frente e a trás)
Apesar de ter saído sozinho de casa, rapidamente arranjo companhia para conversar. Um casal de espanhóis que acha graça à bandeira que identifica o meu projecto. Rapidamente trocamos impressões sobre as bicicletas e a sua cidade natal, Barcelona, totalmente rendida às bicicletas.
Um grupo de estudantes Gregos que vieram de Braga para conhecer a capital. Indico-lhes o caminho para as ruas do Bairro Alto, onde se podem divertir.
3 Cabo Verdianos animam o Largo do poeta Chiado, com musicas da sua terra natal.
E assim se passa 1:30h, numa Lisboa a que alguns ignorantes* teimam em apelidar de confusa, barulhenta e poluída, pois a única coisa que conhecem é a 2ª circular e o eixo Norte-Sul em horas de ponta.
Mas Lisboa é isto: cultural, divertida, animada, fresca pela noite, e romântica ao seu próprio estilo, proporcionando relações humanas e estimulando os sentidos.
*ignorantes - aqueles que falam daquilo que não sabem, daquilo que desconhecem ou do qual não têm experiência.
Paulo Santos
1464 km percorridos de bicicleta, como meio de transporte, em Lisboa, desde 01.01.2008
3 comentários:
Olá.
Hoje vi-te pela primeira vez a pedalar! Já achava estranho não nos termos cruzado nunca.
Estavas a acabar de subir a Av. da Liberdade, vinhas na companhia alguém com uma bicicleta de estrada.
Eu vinho no chasso da BikeTour a atravessar na passadeira.
Rui Sousa
Olá Rui. Vinha efectivamente a conversar com outro ciclista, que conheci pelo caminho. Quando isto voltar a acontecer, não hesites em meter conversa. Gosto de trocar impressões com toda a gente, principalmente com outros utilizadores diários de bicicleta. Já agora, que tal se portam essas máquinas do bike tour em cidade? Também tenho uma, mas não voltei a usá-la, pois tenho a minha BH "urbana".
Cumprimentos.
Paulo Santos.
Eu ia para o trabalho e entretanto já tinhas passado, fica para a próxima :)
Como se portam os chassos? Fazem o serviço mínimo e são óptimas para deixar presas num poste sem preocupações, a não ser que roubem o cadeado :) Já tem quase 3 anos, uns 1000 km e ainda não se partiu ao meio!
Já tem algumas alterações, troquei os abrandadores por uns travões melhorizitos e o selim por outro mais confortável.
Normalmente ando com uma Masil de aço, muito confortável por não ser de alumínio. Mas quando tenho de ir a algum lado fora do normal levo a Biketour por causa dos roubos.
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