Após mais de 100 dias e 1200 km de bicicleta como meio de transporte em Lisboa, investigador conclui:
“Lisboa é uma cidade ciclável, para uma grande parte da população que nela vive, estuda e trabalha.”
Deitando por terra os vários mitos que serviram de desculpa durante décadas para não se usar a bicicleta como meio de transporte, Paulo Santos salienta: “As 7 colinas são apenas uma parte de toda a área urbana da cidade, que no último século cresceu urbanisticamente para além da zona histórica, tendo-se expandido até aos seus limites concelhios”.
Actualmente, aos 18 km planos de toda a frente ribeirinha, junta-se o planalto central, uma extensa área praticamente plana, que ocupa mais de metade da área urbana da cidade (ver mapa de altitudes).
De Belém ao Parque das Nações, do Saldanha ao Lumiar, da Praça de Espanha às Olaias, de Carnide a Sete Rios, do Campo Grande ao Aeroporto, são milhares as pessoas que não precisam de suar muito para chegar ao seu destino a pedalar.
“A bicicleta é vantajosa também a todos os que moram em zonas altas e trabalham ou estudam em zonas de cota inferior, já que de manhã não necessitam de fazer esforço, pois é sempre a descer. No regresso ao final do dia, é um facto que têm de subir, e talvez até suar um pouco, mas aí já vão a caminho de casa, onde o suor se resolve com um refrescante duche. E convém não esquecer que metade da população portuguesa é obesa ou tem excesso de peso, pelo que o uso diário da bicicleta, juntamente com o esforço necessário nas subidas, pode ser bastante útil no controle do excesso de peso, como provam os 6 kg de gordura que já perdi, desde que a adoptei como meio de transporte, em 1 de Janeiro deste ano”, acrescenta Paulo Santos.
A mobilidade e a qualidade de vida na cidade de Lisboa passa obrigatoriamente pela criação de alternativas à utilização do veículo automóvel de uso privado, permitindo aos cidadãos optarem por um meio de transporte económico e amigo do ambiente, seguro, rápido em termos urbanos, saudável física e psiquicamente, e acima de tudo tão divertido e motivador de relações sociais, como é a bicicleta.
Só falta mesmo, diz este Engenheiro Civil especializado em Vias de Comunicação e Transportes, a criação de corredores exclusivos para bicicletas nas principais ruas e avenidas da cidade, que na maioria dos casos se resolve com uma pintura no pavimento e alguns sinais verticais, medidas a ser complementadas com ligeiras modificações no código da estrada.
“Com o aumento do número de utilizadores de bicicleta que se verificou nos últimos meses, e que se prevê continue a aumentar, é fundamental a criação de corredores para bicicletas para que se possa verdadeiramente democratizar e garantir a segurança rodoviária no seu uso, como meio de transporte na cidade de Lisboa. ”
Para além de que a bicicleta, mostram os estudos noutras cidades europeias, tem um contributo importante na gestão da mobilidade urbana, contribuindo para uma melhoria significativa a este nível, quer para peões, quer para automobilistas.
Paulo Santos afirma que continua a usar a sua bicicleta como meio de transporte, nas suas deslocações diárias pela cidade.
Mapa de Altitudes da cidade de Lisboa.
As cores mostram as zonas com altitudes dentro do mesmo intervalo (ver legenda do mapa).
Alguns dados sobre a cidade de Lisboa
Este mapa de altitudes permite observar, a título de curiosidade, que é possível ir do Aeroporto à Graça, com pouca variação de altitude (zona de cor 3).
Área total da cidade: aprox. 84 km2
Área urbana (exclui Monsanto e Pista do Aeroporto): aprox. 70 km2
Altitudes na cidade (aprox.):
Zona ribeirinha - 5m
Rossio - 9m
Restauradoures - 16m
Marquês de Pombal - 55m
Sete Rios - 70m
Praça de Espanha - 70m
Campo Pequeno - 75m
Campo Grande - 75m
Alvalade - 80m
Olaias - 80m
Saldanha - 80m
Graça - 82m
Lumiar - 85m
Rotunda do Aeroporto - 90m
Campo de Ourique - 95m
Carnide - 100m
Luz - 105m
Amoreiras - 110m
Ponto mais elevado em toda a cidade
- 228m, em Monsanto
Ponto mais elevado na zona histórica
- 110m, no Miradouro da Senhora do Monte
Paulo Santos é Engenheiro Civil, especializado em Vias de Comunicação e Transportes, sendo professor e investigador nestas matérias. Encontra-se a realizar a sua tese de mestrado “Contribuição do modo Bici na gestão da mobilidade urbana” e é o autor do projecto “100 dias de bicicleta em Lisboa”.
4 comentários:
Curiosamente hoje dia 11 de Setembro, um dia que ficou para a história com os ataques terroristas ás torres gémeas de NY, també eu iniciei o meu ataque terrorista mas em prol de uma melhor condição física e como consequência directa reduzir os custos inerentes ao uso de automóvel, custos esses canalizados para uma melhor qualidade do meu tempo livre, só terei que usar o carro um por semana ou em dias de furacões e temporais, :) .
Paulo Guerra, felicidades para o teu mestrado já falámos em tempos na loja de bicicletas ao lado da Câmara de Lisboa.
Eu sou Paulo Jorge "Pajo", sou Polícia, vou para o trabalho e regresso, saindo de Odivelas, Calçada da Carriche, Campo Grande, Av. do Brasil, Rotunda do Relógio, Olivais e Xabregas, Saudações BTTISTAS!
Caro Paulo, obrigado pelo seu testemunho encorajador. Lembro-me perfeitamente da conversa que tivemos na Biclas.com. Acredite que são cada vez mais aqueles que lançam ataques terroristas a um modo de vida sedentário e dependente do automóvel. 10 ou 15 km de bike pela cidade de Lisboa não matam ninguém, e dão-nos uma saúde fenomenal em 3 grandes aspectos: Físico, Psíquico e Económico. Grandes pedaladas pela cidade de Lisboa e boas causas sociais.
Paulo Santos.
quero louvar esta iniciativa e bradar aos céus por haver gente com moral e consciencia!
felicidades =)
Para além do objectivo pessoal referente à tese de mestrado fica no contributo colectivo, uma expressiva colaboração para que a bicicleta possa efectivamente ser um meio de transporte alternativo. Certamente que muitos dos que o acompanham, encontram neste propósito o ímpeto de uma alteração de comportamentos e desmistificações.
Continuemos pedalando para que entre a “mudança”!
Abraço
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