O projecto dos "100 dias"

01.01.'08 - Apresentação e arranque do projecto ............ SIC
12.05.'08 - Primeiras conclusões aos 80 dias ................... SIC 02.07.'08 - Transportes amigos do ambiente .................. RTP2
18.09.'08 - Conclusões finais aos 130 dias ....................... TVI 22.09.'08 - Dia Europeu da Mobilidade 22.09.2008 ........ RTP1
02.11.'08 - Caia Quem Caia e as bicicletas ....................... TVI 30.12.'08 - Fim do Projecto dos "100 dias" ...................... RCP
01.01.'09 - Fim do projecto dos "100 dias" ...................... SIC 06.01.'09 - 100 dias na Prova Oral .......................... Antena 3


1 Outra reportagem
2 Outra reportagem
3 Outra reportagem
4 Outra reportagem
5 Carmona Rodrigues


Tese de mestrado "Contribuição do modo BICI na gestão da mobilidade urbana" - Descarregar PDF »»

Dia 103 - 26/062008

Santos » Baixa » Santos
6 km

É curioso como o nosso cérebro se "vicia" em determinados comportamentos, provocando em nós acções muias vezes intuitivas devido ao hábito.

Hoje, pela manhã, necessitei de ir a uma agência bancária da CGD, tratar de assuntos financeiros. Como tenho uma agência a cerca de 100m de casa, desloquei-me a pé. Curiosamente, nessa agência não me conseguiram resolver o problema, pelo que me sugeriram ir à agência da Rua do Oura, na Baixa. Instintivamente, comecei a dirigir-me até à Baixa, a pé. Percurso que estava habituado a fazer desta forma, antes de começar a usar a bicicleta como meio de transporte. Era um percurso que me demoraria cerca de 15 minutos, usando a forma mais antiga de locomoção do Ser Humano.

Já tinha percorrido uns 300m metros quando de repente se fez luz na minha mente: "Mas que raio!!! Porque é que estou a ir a pé? Ainda para mais estou com alguma pressa. Vou mais é de bike"

Não tenho bem a certeza do porquê deste lapso do meu cérebro. Talvez, apesar dos mais de 1200 km já percorridos de bike pela cidade, o meu cérebro ainde não ache "normal" pensar instintivamente em usar a bicicleta. Talvez o meu cérebro ainda não se tenha reprogramado na totalidade, de forma a pensar em primeiro lugar na bicicleta, antes de uma qualquer outra forma de locomoção.

(A minha bike amarrada a um sinal de trânsito, mesmo em frente à agência da CGD, na Rua do Ouro. De dentro da agência consegui ver perfeitamente o meu veículo, o que me deixava bastante tranquilo)

(A minha bike apenas trancada com o cadeado, em frente à agência do BES da Rua Augusta. Apesar de não estar amarrada, conseguia vê-la perfeitamente de dentro da agência. Era pouco provável que alguém agarrasse nela e conseguisse correr com ela às costas, mais do que eu atrás dele)

Este episódio fez-me lembrar dos primeiros dias deste projecto: foi incrivelmente difícil para o meu cérebro readaptar-se a uma nova forma de locomoção. Estava tão habituado a andar de carro e transportes públicos, estava tão habituado a seguir sempre pelos mesmos caminhos, já sabia exactamente os tempos que ía demorar, que quando comecei a explorar a cidade de bike, tive de colocar novamente o cérebro a funcionar, fazer de novo o treino mental para pensar por onde ir, o tempo que demoraria, o estado dos pavimentos, onde deixar a bike, se aguentaria o esforço físico, se ..., se ..., se ...

Eram naturalmente mais as incógnitas que as variáveis conhecidas, desta fórmula (na altura complexa) que tem como resultado o grau de difilculdade em andar de bicicleta pela cidade de Lisboa.

Mas actualmente, ultrapassadas as primeiras 2 semanas (que foram sem dúvida as mais difíceis, onde cheguei mesmo a ponderar mudar para outro tema esta minha tese de mestrado), vencido o preconceito de usar a bicicleta na cidade, depois de ter ganho forma física, depois de descobrir que já outros como eu andavam por aí de bike, depois de descobrir que todas as pessoas, entidades e instituições com quem trabalho me apoiavam incondicionalmente neste projecto, aí meus caros, o força que eu necessitava já estava enraízada dentro de mim, e "pedalar para o trabalho" foi sem dúvida, para mim e para as pessoas com quem partilho o meu dia-a-dia, um factor de humanização nas relações diárias que mantenho com eles e com esta cidade magnífica fundada por Ulisses.

Boas pedaladas a todos os que o fazem, e um grande apoio a todos os que ponderam fazê-lo. Acreditem, só custa (e muito) nas primeiras duas semanas.

Paulo Santos.

Dia 102 e meio - 25/06/2008

Hoje vi-me forçado a utilizar o meu automóvel, a emitir CO2 para a atmosfera, a queimar dinheiro em combustível, a stressar dentro da velha caixa de metal.

Pelo meio passei pela cantina da cidade universitária para almoçar e qual não foi o meu espanto quendo me deparei, não com uma nem duas, não com 3 nem 4, não com 5 nem 6, não com 7, mas nada mais nada menos que com 8 bicicletas amarradas a tudo o que era poste, mesmo em frente à entrada da cantina.

Ora aqui estão 3 bicicletas, bem juntinhas e amarradinhas a um poste

Mais uma, um pouco só, mas bem amarrada


E mais 4, todos encostadinhas umas às outras

Só faltou mesmo a minha "urbana" para completar este quadro idílico, e para atingir a excepcional marca de 9 bicicletas, num só sítio, em Lisboa :)

Isto levou-me a pensar que está na hora de mandar um mail para a administração dos Serviços de Acção Social da U.L., não só a informar do aumento do número de estudantes universitários que se desloca à cantina de bicicleta, mas também de que estará na hora de serem colocados estacionamentos para bikes junto à cantina.

E como a burocracia na C.M. de Lisboa será certamente mais que muita, e colocar estacionamentos para bicicletas no passeio público em frente à porta da cantina poderia levar meses a ser autorizado, gostaria de ir ainda mais longe: Que tal os S.A.S colocarem os estacionamentos para bikes num sítio que permitisse aos seus utilizadores verem em tempo real as suas bikes enquanto almoçam? Nada mais nada menos, que no estacionamento privativo dos funcionários da cantina e acesso de camiões para descarga de alimentos. Isso mesmo !!!


Como esta foto demonstra, tirada do interior do piso térreo da cantina, qualquer utilizador de bicicleta conseguiria ver a sua bicicleta amarrada em segurança neste espaço. A acrescentar a isto, o facto de esta espaço ser agora público, no acesso ao novo ginásio junto à cantina.

Não só os utilizadores da cantina, mas também os utilizadores do ginásio poderiam utilizar este estacionamento para as suas bikes.

Caríssimos, para não ser só eu a informar e a pedir, deixo-vos aqui os mails dos responsáveis dos SAS da Universidade de Lisboa para que vocês próprios possam também comunicar o vosso interesse neste tipo de infraestrutura de apoio às bicicletas, naquele espaço que é de todos

Administrador Dr. Luís Alberto Nascimento Fernandes : mailto:luis.fernandes@sas.ul.pt
Dr. Duarte Nuno : mailto:duarte.lopes@sas.ul.pt
Drª Sara Silva :

Dia 102 - 24/06/2008

Santos » Cidade Universitária » Amoreiras » Santos
Da cota 05m à cota 110m, 17km no total do dia

Hoje saí de casa pelas 11:00h. Já não está tão fresco como pela manhã, mas ainda não está aquele calor abrasador, uma das desculpas utilizadas por muitos dos ignorantes* que nunca experimentaram a bicicleta na cidade de Lisboa, mas que gostam de falar disso como se fossem verdadeiros especialistas.

O caminho, mais do que habitual: Santos à Baixa, Restauradores ao Marquês, António Augusto de Aguiar à Praça de Espanha, Rêgo à Cidade Universitária.

Mas o mais curioso é o cada vez maior número de bikes que vejo amarradas por toda a cidade. Sinónimo de que alguém as utiliza.

(bicicleta do passeio Lisboa Bike Tour do último domingo, amarrada no Marquês de Pombal, a provar que dão perfeitamente como bicicletas de uso diário na capital (depois de afinadas))


(bicicletas amarradas junto à cantina da Cidade Universitária, a provar que os estudantes do superior estão a aderir cada vez mais a este meio de transporte)

Depois do almoço dirigi-me às Amoreiras onde fui dar aulas, na E. P. de Ciências Geográficas, num dos pontos mais altos da zona central da capital: 110m acima do rio.

No final da tarde, mais um espectacular regresso a casa, a uma média superior a 20 km/h, graças às descidas vertiginosas que apanho na Artilharia I e Rua de São Bento. Tentem lá fazer esta média de automóvel, em hora de ponta, no centro da cidade :)

À noite, fui tomar uma cervejinha com um amigo ao Bairro Alto, e vejam lá o que vi amarrado a um poste no largo da Santa Casa :)

* Ignorante: aquele que fala daquilo que não sabe ou que nunca experimentou (e há por aí muitos, infelizmente).

P.S. Hoje falhou-me a pilha do ciclómetro, pelo que só contou metade dos quilómetros que fiz :)

Paulo Santos
11332m de altitude e 1209 km de bicicketa em Lisboa desde 01/Jan/208

Dia 101 - 23/06/2008

Santos » Cid. Universitária » Alvalade » Rêgo » Santos
Da cota 05m à cota 100m, 17.6 km no total do dia

Chegou ao fim a aventura que iniciei em 01 de Janeiro passado. A informação que tenho agora, bem como a experiência adquirida no que diz respeito às bicicletas e à cidade de Lisboa, permitem-me agora iniciar um novo projecto: + 100 dias de bicicleta em Lisboa.

A tese de mestrado é só para entregar lá mais para o final do ano, pelo que mais uma centena de dias a pedalar pela cidade certamente irão ser uma mais valia.

Hoje saí de casa pelas 10:30h, ainda relativamente fresco, com destino à Cidade Universitária. Parei pela Biclas para conversar com aquela rapaziada e pôr-me a par das novidades em termos de material. O percurso:

- Rua de S. Paulo (via BUS)
- Rua do Arsenal (via BUS)
- Rua de S. Julião (plena via)
- Rua Augusta (passeio)
- Rossio (plena via)
- Restauradores (plena via)
- Av. da Liberdade ((plena via, lateral)
- Av. Fontes Pereira de Melo (passeio, contramão)
- Av. António de Augusto de Aguir (plena via)
- Praça de Espanha (passeio)
- Rêgo (plena via)
- Av. das Forças Armadas (passeio)
- Cidade Universitária (plena via)

Depois de almoço, desloquei-me até ao bairro de Alvalade, a um dos centros de formação onde dou aulas. O percurso foi:

- Alameda das Universidades (plena via)
- Campo Grande (ciclovia)
- Alvalade, Rua da Igreja (plena via)



(a ciclovia do Campo Grande, entre a Av. do Brasil e Entrecampos, permite-me chegar com rapidez e segurança ao Bairro de Alvalade)



(passagem desnivelada para peões e ciclistas, que liga o jardim do Campo Grande ao início da Rua da Igreja, no Bairro de Alvalade)

Depois de uma breve visita ao centro de formação, onde deixei a bike estacionada no piso -1 de estacionamento para automóveis, dirigi-me ao gabinete de engenharia no Rêgo. Voltei a passar pela passagem desnívelada para o jardim do Campo Grande, onde apanhei de novo a ciclovia até Entrecampos. Daí fui pela Av. 5 de Outubro até à estação de comboios onde virei para cima até ao Rêgo.

Ao final da tarde, regresso a casa, pela Praça de Espanha, Parque Eduardo VII, Rato e Rua de São Bento.

Com muita pena minha, não utilizo com frequência a ciclovia do Campo Grande, pois fica desviada dos meus trajectos habituais. Por isso mesmo, é curioso verificar algumas diferenças entre andar numa via dedicada a ciclistas, ou na estrada, a partilhar o espaço com os automóveis:
- Maior segurança, pois não tenho de me preocupar com os automóveis. Maior conforto, pois não tenho pavimentos degradados nem lancis a vencer. Maior rapidez graças à linearidade do traçado. Maior conforto visual, graças ao jardim. Menor poluição acústica e atmosférica, apesar da proximidade com as vias automóveis.

Este pequeno trajecto fez-me sentir como será um dia Lisboa quando forem criados os corredores específicos para utilizadores de bicicleta, sejam partilhados com outros utilizadores do espaço público ou exclusivos a bicicletas. Aí sim, a liberdade e o prazer em utilizar a bicicleta será total.

Cumprimentos.

Paulo Santos
11203m de altitude e 1201km percorridos de bike na cidade de Lisboa, desde 01/Jan/2008

Dia 100 - 22/06/2008

Ponte Vasco da Gama » Parque das Nações
10 km

Fui convidado pela organização do Lisboa bike Tour para participar neste passeio de bicicleta e em simultâneo atingir o 100º e último dia deste projecto.

("Os amigos da Baixa", o animado grupo com o qual eu participei no Lisboa Bike tour)

A volta: Ponte Vasco da Gama (quase junto a Alcochete) até ao Parque das Nações.

(os cerca de 8500 participantes que encheram a Ponte Vasco da Gama)

Um ambiente de total diversão invadiu o espirito de quem conseguiu uma inscrição para este passeio, onde se oferece uma bicicleta a cada participante. (Eu, montado na minha "SPORTIS")

(Um a perspectiva diferente do tabuleiro suspenso da ponte)

Por questões de tempo, o regresso a casa fez-se de metro. Uma imagem inédita: a invasão de bicicletas nos cais de embarque do metropolitano. A única regra: duas bicicletas por porta, ou seja, 6 por carruagem. Mesmo neste evento, este número acabou por ser suficiente para escoar, apenas com alguns atrasos pontuais, as centenas de pessoas que participaram neste passeio e que resolveram experimentar o metro no regresso a suas casas.

É perfeitamente possível a convivência de pessoas e bicicletas no metropolitano, em horas fora de ponta, o que acontece em diversos periodos ao longo do dia.

Eu e a minha bike, no metropolitano, ao atravessar o Vale das Olaias.

Em vez de comemorar o feito inédito de atingir a marca dos 100 dias de bicicleta na cidade de Lisboa, prefiro celebrar o inicio de um outro projecto:

"+ 100 dias de bicicleta em Lisboa "

Conclusões essenciais dos primeiros 100 dias:

- A desmistificação das colinas. Lisboa é acima de tudo um grande planalto e uma zona ribeirinha. Claro que o desnível entre estas duas zonas existe, mas como dizia uma amiga alemã que convidei a participar no arranque deste projecto: a vantagem das subidas é que na volta, são a descer.

- O clima. Até hoje, deste praticamente meio ano que decorreu desde o inicio do projecto, só não andei de bicicleta por causa da chuva em cerca de 20 dias. Até mesmo neste Maio chuvoso pedalei com frequência pela cidade. E em relação ao calor: Se sair de casa pela fresca da manhã, apanho temperaturas na ordem dos 25º, mesmo nos dias mais quentes.

- O trânsito. É curiosa a afirmação feito pelo Leandro, o espanhol que convidei para subir comigo da Praça do Comércio ao Saldanha: "Paulo, la cidad de Lisboa és mui calma, comparada con Madrid o ótras de España. No tiene tantos coches assi"

- A poluição. Pedalar por ruas secundárias ao final da tarde, em plena hora de ponta, reduz imenso a exposição à poluição gerada por quem anda de automóvel. De manhã, pela fresca, com tráfego reduzido, consigo até ouvir o canto dos pássaros.

- O stress. É fabulosa a forma como reduzi o meu nível de stress no dia-a-dia. O facto de fazer percursos de 20 a 30 minutos entre trabalhos, faz com que o final de uma actividade e o começo de outra estejam separadas por uma actividade de exercício físico que ajuda a esquecer problemas e preocupações.

- A saúde. Como já afirmei, todos os meus indicadores de saúde melhoraram: 6 kg de peso a menos, em 6 meses; redução em 4% na percentagem de massa gorda, aumento do índice de massa corporal, redução em 4 cm na cintura.

- Economia. Desde o início do ano, poupei 6 meses de passe (combinado metro/carris), cerca de 180€. Um depósito no meu automóvel dura-me agora para cerca de 2 a 3 meses

- Ambiente. Nestes quase 1200km a pedalar pela cidade, em vez de queimar combustível, evitei a emissão de cerca de 200 kg de CO2 para a atmosfera.

Agradecimentos:

- à SPORTIS, empresa portuguesa organizadora do evento, pelo convite para terminar o meu projecto no mesmo dia deste passeio.

- ao Vitor Branco, pela sua paixão pela cidade de Lisboa e pelos transportes amigos do ambiente.

Paulo Santos.
10947m de altitude e 1184km percorridos em 100 dias, de bike, na cidade de Lisboa

Dia 099 - 21/06/2008

Santos » Graça » Santos
Da cota 05m à cota 085m, 9.5 km percorridos no total

Foi com muito agrado que aceitei o convite de um outro utilizador de bicicleta, e amigo, para ir fazer um piquenique num espaço verde na Graça, na Calçada do Monte.

Saí de casa em Santos, direito à Baixa, Rossio, Martim Moniz. Segui pela Av. Almirante Reis, pelo percurso do Eléctrico 28 e em 20 minutos, devagar, na mudança mais leve, cheguei ao Largo da Graça.

Foi a primeira que o fiz. Confesso que com a forma fisica que adquiri, bem como os 6 kg de gordura dos quais me livrei, nestes quase 100 dias a pedalar pela cidade, me facilitou o trabalho.

Contudo, tenho a noção de que não estará ao alcance de todos a realização deste percurso, diariamente, num movimento pendular casa-trabalho-casa.

Mas como já disse noutras ocasiões, 70 a 80% dos movimentos pendulares bi-direccionais que se realizam em Lisboa, não passam pelas colinas da cidade. Naturalmente que não pretendo excluir os sortudos que vivem ou trabalham nesta zona histórica da cidade. Até porque têm alternativa para evitar esta subida. Basta fazerem um percurso um pouco mais longo, dando a volta pela Rua Morais Soares e Alto de S. João, tornando esta subida muito mais suave.

(Espaço verde na Calçada do Monte, na Graça/Mouraria, com vista previligiada sobre a cidade e o rio)

Um grande abraço e até amanhã, no final deste projecto, no Lisboa Bike tour.

Paulo Santos
10947m de altitude e 1184 km percorridos na cidade de Lisboa desde 01/Jan/2008

Dia 098 - 18/06/2008

Santos » Praça do Chile » Rêgo » Santos

Ontem fui dar aulas a um centro de formação na Praça do Chile, pela primeira vez desde que iniciei este projecto. Como sempre tenho feito, a primeira vez que vou a um sítio não levo a bicicleta. Existem demasiadas incognitas para que eu me sinta à vontade. Por isso, ontem, preocupei-me em observar e retirar elementos da envolvente: os percursos, os tempos, o sítio para estacionar, as condições para um higiene rápida no corpo, etc ...

Hoje, saí de casa com a bike, para ir a esse mesmo centro de formação. Percurso:
Santos, Baixa, Rossio, Martim Moniz, Av. Almirante Reis, Praça do Chile.

Surpresas agradáveis:

1º A inclinação da Av. Almirante Reis, que subi pela primeira vez, rondará os 2.0%-2.5%. A um ritmo calmo, sobe-se bem.

2º As temperaturas da manhã, mesmo no verão, são agradáveis, permitindo subir sem esforço acrescido.

3º Às 09:00h, não notei que existisse um tráfego muito intenso nesta via da cidade.

4º Deixei a bicicleta dentro de uma loja, que redescobri pertencer a um familiar :)

5º Descobri que, afinal, há mais gente a andar de bicicleta em Lisboa do que se julga.


(uma bike amarrada junto à estação de metro do Martim Moniz)

(um ciclista a subir a Av. Almirante Reis, e bem carregado)

(mais um ciclista a subir a Av. almirante Reis. O ponto amarelo que vâm nas suas costas, é o capacete da criança que ele transporta atrás, na cadeirinha. Excepcional, não é?)

(e mais um jovem de bicicleta, na Rua Morais Soares)

Aspectos a melhorar:

No troço inicial da Av. Almirante Reis, durante uns bons 600m, o pavimento está completamente deformado na berma, tornando desagradável a condução de bicicleta.

(deformação e degradação do pavimento, na berma, junto aos carris do eléctrico 28)


Ao final do dia, dei um salto ao gabinete de engenharia do Rêgo. Da Praça do Chile segui pela Av. Guerra Junqueiro, em sentido contrário ao do trânsito, pelo passeio que é largo e no sentido ascendente. Praça de Londres, Av. Elias Garcia, Av. Berna e Rêgo. 20 minutos de percurso pelas 17:30h.

A Av. Elias Garcia é uma via exemplar no que toca a no futuro ser uma zona partilhada por automóveis e bicicletas:
- Passeio central com árvores,
- Uma única via de circulação em cada sentido, e estreita, estimulando velocidades reduzidas.
- É uma via perpendicular às principais, como a Av. da República ou Av. 5 de Outubro, o que significa um ciclo de semáro mais longo de vermelho, mais uma vez, estimulando velocidades baixas.
- Estacionamentos à esquerda e à direita.

Em suma, uma via secundária exclusivamente para acesso local.


Pelas 19:00h regressei a casa, desta vez por caminhos já familiares:
- Praça de Espanha,
- Av. António Augusto de Aguiar,
- El Corte Ingés,
- Parque Eduardo VII,
- Rua de Artilharia 1 (dou esta volta para fugir ao Marquês em hora de ponta),
- Rato,
- Rua de São Bento a mais de 50km/h (com capacete),
- e Santos.

Aproxima-se a passos largos o final deste projecto ... e o início de outro:

" +100 dias de bicicleta em Lisboa "

Cumprimentos.

Paulo Santos
10811m de altitude e 1174km percorridos de bicicleta em Lisboa, desde 01/Jan/2008

Dia 097 - 05/06/2008

Santos » Baixa » Chiado » Santos

Hoje ia sem destino nem companhias combinadas. Simplesmente fui até à Baixa para ver a animação que já é costume por aquelas bandas aos domingos. Sem carros, e com muita gente. Quando ía a subir a Rua Augusta, toca o meu telemóvel. Antes de poder dizer qualquer coisa, ouvi do outro lado: "Passou agora mesmo por mim um tipo de bicicleta, com uma bandeirinha pendurada atrás. Eras tu?"

Era um familiar, que passava de carro pela Rua de São Julião, ou pelo menos tentava. Combinámos um encontro no Chiado, 15 minutos depois, pois é o tempo que ele demora a dar a volta de carro e a estacionar. Claro que eu cheguei antes !!!

Fomos tomar café à Fnac e para surpresa, a minha bike não ía ser a única por ali estacionada. Outras duas estavam já amarradas aos postes das redondezas.

Assim se começa a ver uma maior adesão a este meio de transporte rápido, económico, ecológico, saudável e promotor de encontros casuais na cidade.

Assim continue ...

Paulo Santos.
10632m de altitude e 1161km percorridos de bicicleta na cidade de Lisboa, desde 01/Jan/2008

Dias 095 e 096 - 13 e 14/06/2008

Santos » Baixa » Santos

Neste fim-de-semana prolongado, acabei por ficar em Lisboa devido a uma carga excepcional de projectos que tenho de terminar antes das férias de verão, que serão no mês de Agosto.

As voltas de bike acabaram por ser simples. Digo simples, porque comparadas com os 20 a 30 km que por vezes faço num dia, pela cidade, estas voltas pela Baixa são do mais fácil que há: percurso 100% plano pelas ruas da marginal de Lisboa (Ruas da Boavista, de São Paulo, do Arsenal, Augusta, etc ...), pouco trânsito, distâncias curtas (menos que 5km).

Na Sexta fui tomar um café à Rua Augusta, sozinho. No sábado, no Martinho da Arcada, encontro com um grande amigo, apoiante destas causas.

Gosto sempre de passar pelo miradouro de Santa Catarina, pelo prazer que dá, na vista que tem sobre o Rio.

Boas pedaladas.

Paulo Santos
10600m de altitude e 1157 km percorridos de bike em Lisboa desde 01/Jan/2008

Dia 094 - 12/06/2008

SANTOS » AMOREIRAS » Av. JOÃO CRISÓSTOMO » SANTOS
Da cota 05m à cota 110m, 11.2 km, 35ºC e 70 minutos de deslocações no total do dia.

Hoje, pela primeira vez, saí de casa pelas 13:00h. Em plena hora de calor, com 35º C.

Um dos mitos que oiço com frequência da boca dos ignorantes (entenda-se: aqueles que falam do que não sabem) acerca das bicicletas e da cidade de Lisboa é o calor do verão. Sem dúvida que as temperaturas de verão em Lisboa são muito boas para ir à praia. Contudo, quero tecer aqui algumas considerações:

1º) A maior hora de calor é sempre da parte da tarde, entre as 12:00h e as 17:00h. E neste período, quem trabalha, está precisamente .... a trabalhar. As horas mais vulgares para a generalidade das pessoas se deslocarem de casa-trabalho-casa é entre as 08:00h-10:00h e entre as 17:00h-19:00h, periodos mais frescos. Já o fiz por diversas vezes nestes períodos, este verão. O esforço e o suor são os mesmos que noutras alturas do ano.

2º) Hoje, propositadamente, saí de Santos às 12:45h, em plena hora do calor, em direcção às Amoreiras, para ir dar aulas. Tracei várias estratégias, para "lutar" contra o calor:

- Levar água fresca e parar com frequência para a beber. Parei na Baixa, no Rossio e no Marquês.

- Pela Av. da Liberdade segui pela lateral, na sua maioria à sombra, graças às árvores dos passeios centrais, e a velocidade mais reduzida que o habitual: 6 km/h.

- No Marquês, pela primeira vez, experimentei apear da bicicleta, e levá-la à mão, também por baixo das árvores, até à Rua Castilho, precisamente o troço mais inclinado que encontro pelo caminho.

Conclusões: Hoje suei menos que em muitos outros dias, com temperaturas mais baixas. Demorei apenas mais 10 minutos do que os usuais 35, para fazer este percurso.

Em situaçãos pontuais na cidade, é perfeitamente viável transportar a bicicleta à mão, seja devido ao suor ou ao esforço físico, com a vantagem de podermos ir (legalmente) no passeio.

Hoje tive a prova de que, mesmo numa das situações mais desfavoráveis para se andar de bicicleta na cidade de Lisboa (subir 105m de altitude com 35ºC), há sempre alternativas para se combater seja o que for que nos possa intimidar na decisão de utilizar a bicicleta como meio de transporte. Só não há, quando é cérebro é de tal forma mediocre, em que é mais fácil inventar desculpas do que pô-lo a trabalhar em nosso proveito.


A Av. da Liberdade hoje estava fantástica, com os preparativos para as marchas populares de logo à noite. Aquilo que vi fez-me ter a certeza de que pode ser fácil, rápido e barato, criar condições de segurança para utilizadores de bicicleta. Ora vejam:

(criação de um corredor protegido por gradeamento e fitas da PSP, para possibilitar a circulação dos técnicos que montavam as estruturas para as marchas populares)

(idem)

(num troço, junto da tenda dos VIP's, foram inclusivé colocados elementos paisagisticos para "proteger" quem circula nesse corredor)

É perfeitamente possível, numa primeira fase em que se estejam a fazer as marcações para os corredores cicláveis nas principais avenidas da cidade, utilizar temporariamente estes gradeamentos, espaçados, de forma a criar condições (volto a dizer: temporárias) para que os utilizadores de bicicleta circulem em maior segurança.

Eu circulei, hoje, durante alguns metros num destes espaços e senti-me como se estivesse na minha própria via, em segurança, sentindo que podia circular à "minha" velocidade, por não ser pressionado pelos automóveis.

A ver vamos o que dá (mais) esta promessa da câmara de lançar o concurso público para a rede de bicicletas partilhadas até ao próximo mês de setembro.

Cumprimentos a todos.

Paulo Santos.
10560m de altitude e 1149 km percorridos de bicicleta em Lisboa desde 01/Jan/2008

» Dia 093 e meio - 09/06/2008 «

Como ontem me fartei de trabalhar, hoje fui ... à praia. De Santos a Cascais fui de comboio, e embora pudesse levar a bike comigo, as distâncias que percorri a pé (menos de 1000m) de casa para a estação de Santos, e da estação de Cascais à praia, não justificavam as pedaladas. Contudo, retirei grandes lições de Cascais. Em particular, da população de Cascais.

Amarradas à volta da estação de comboio de Cascais, fotografei várias bicicletas. E pelo aspecto usado, serão provavelmente de utilizadores dos comboios da linha que se deslocaram no sentido de Lisboa e usaram a bicicleta como meio de transporte até à estação.



(Este utilizador amarrou mesmo a sua bike no interior da estação de comboios de Cascais, junto a um dos cais de embarque)



(A CP dá o exemplo e está a colocar estacionamentos para bikes. Não será o melhor sítio em termos de segurança contra roubo, mas é um primeiro passo. A melhorar também, o tipo de estacionamento)


(No exterior da estação, curiosamente, para impedir o estacionamento abusivo de automóveis no passeio, foram colocados estes "U" invertidos, que poderão no futuro servir muito bem para estacionar e amarrar bicicletas)

No outro lado da estação, junto ao centro comercial, mais bicicletas amarradas a gradeamentos.


(A bicicleta de utilização livre que a Câmara de Cascais oferece a quem a visita)

Cascais, à semelhança de Lisboa, também não tem corredores exclusivos para bicicletas. Contudo, isso não impede a sua população de usar e desfrutar de um meio de transporte rápido em termo urbanos, saudável, económico e ecológico.

Já agora, Cascais também tem uma zona baixa plana, junto ao mar, e uma zona alta, para o interior, à semelhança de Lisboa.

Lá se vão mais umas desculpas por água abaixo, das muitas que os Lisboetas usam para não andarem de bicicleta nas suas deslocações diárias pela cidade.

Paulo Santos.

» Dia 093 - 08/06/2008 «

Santos » Baixa » Chiado » Santos

Da cota 05m à 45m, 6.5 km no total do dia.

Hoje trabalhei em casa, onde faço os meus projectos de engenharia, até às 16:00h. Com um dia destes, naturalmente, era impensável não passear um pouco por uma das mais belas praças europeias, ainda para mais sem carros. Depois do trabalho, dei um salto à Praça do Comércio, onde com agrado vi que os agentes da Polícia Municipal entretiam os veraneantes deixando-os experimentar os seus "Segway" e carros eléctricos. Aproveitei também para experimentar uma bicicleta eléctrica, de uma empresa privada, que estava à disposição.

Caríssimos, já sei onde vou investir os meus próximos 800€. Numa bike com motor eléctrico. Sem exagero que aquilo me dá 30 ou 40% a mais de impulso, o que acredito que possa tornar a Av. da Liberdade "quase" plana.

Ficou a promessa de um dia destes experimentar a bike em subida.

(A bike eléctrica é a do cestinho. Até tem espelhos retrovisores :))

(Tempo para um café com um amigo, numa esplanada da Rua Augusta)

O regresso fez-se pelo Chiado, subindo pelas ruas do Carmo e Garrett, com passagem pelo miradouro de Santa Catarina, antes de descer a Calçada do Combro, no caminho até casa.

Cumprimentos.

Paulo Santos
10406m de altitude e 1138 km percorridos de bike em lisboa, desde 01/Jan/2008

» Dia 092 - 07/06/2008

Santos » Cid. Universitária » Santos
Da cota 05m à cota 100m, 14.5km no total do dia.

Há sempre pelo menos 2 dias, dos 7 da semana, em que é extremamente agradável andar pela cidade de Lisboa. Pouco tráfego, velocidades moderadas, maior paciência por parte dos condutores. 2 dias em 7 significa 28.5% dos dias do mês. E se acrescentarmos 1 ou 2 feriados e umas pontes, há meses em que, em 40% dos dias, a cidade de Lisboa tem as condições óptimas (em termos de tráfego automóvel) para se utilizar a bicicleta como meio de transporte.

Hoje foi um desses dias. Avenida da Liberdade, Av. Fontes Pereira de Melo e Av. 5 de Outubro nem pareciam as mesmas. O treino de futebol correu bem e o regresso a casa fez-se pelo mesmo caminho. E sem pressas.

Força Portugueses !!!!

Paulo Santos
10313m de altitude e 1131km percorridos de bike em Lisboa, desde 01/Jan/2008

» Dia 091 - 06/06/2008 «

2 Grandes eventos:

1º Ida pela primeira vez ao Prior Velho de bike. A 15 km de distância de casa, totalmente percorridos de bike.

2º Abertura às bicicletas do Picoas Plaza. Já é permitido o estacionamento das nossas máquinas no interior do átrio das esplanadas deste espaço.

Santos » Cidade Universitária » Prior Velho » Picoas » Santos
Da cota 05m à cota 85m, 29 km percorridos no total do dia


Pela primeira vez decidi ir dar aulas ao Prior Velho, deslocando-me de bike. Mas não fiz a viagem directa. Passei primeiro pela cantina da Cid. Univ. para almoçar e pelas 12:30h lá arranquei pela Av. do Brasil até ao Relógio, percurso que já conhecia, das minhas idas ao ISEL, em Chelas. Mas desta vez cortei para o Aeroporto.


(imediatamente a seguir ao Relógio, há uma zona pedonal que , como vêm, tem pouco uso por parte de peões. Segui por lá para testar. Notem na zona verde com cerca de 2 metros de largura que separa a via do passeio. Na Finlândia circulei por muitas zonas semelhantes, antes de entrar no centro da cidade. É extremamente agradável, confortável e seguro circular em zonas separadas da estrada por uma faixa verde)

As vias que passam pelo aeroporto são de tráfego moderado e velocidades moderadas. Têm largura suficiente para permitir a um ciclista andar com relativa segurança, e as inclinações são suaves (inferiores a 3%) e em muitos casos muito suaves ou planas (inferiores a 1%).

Mais à frente apanhei uma ciclovia. Perdão, uma trolleyvia :). Foi criada para facilitar aos funcionários de bordo dos aviões deslocarem-se com as suas malas de viagem com rodas.

(Uma autêntica ciclovia, mas infelizmente não foi criada para ciclistas)


(continuação. Notem a faixa verde que a separa do arruamento)

Uns metros mais à frente, entrei na via principal que permite o acesso à cidade aeroportuária. 2 vias de circulação em cada sentido, com lombas e bandas sonoras que promovem a redução da velocidade dos veículos e tornam mais segura esta via para ciclistas. Para além disso, uma das vias é um corredor BUS. E por ali circulam muito poucos táxis ou autocarros.




Podem notar pelas fotos, tiradas por volta das 12:50h que o tráfego nesta via é muito reduzido a esta hora. E vai dar direitinha ao Prior Velho.

Extremamente fácil pedalar do Relógio ao Prior Velho. Uma boa surpresa.

(um formando meu do Cenfic, o Rui, a experimentar a minha "urbana")

O regresso foi feito pelo mesmo percurso, seguindo pela Avenida do Brasil até à Cid. Universitária.

(Antes de passar novamente pelo Relógio, pela zona pedonal, com reduzido tráfego de peões e faixa verde de separação)

(Início da Avenida do Brasil, lado nascente. Desde o relógio até ao topo, esta avenida tem uma zona pedonal de cada lado, com reduzido tráfego de peões)



Passagem pelo Centro Comercial Picoas Plaza, para participar na abertura oficial daquele espaço às bicicletas, bem como a colocação de estacionamentos para as mesmas. 3 utilizadores tiveram o privilégio de hoje, pela primeira vez, usufruirem deste espaço fantástico, deslocando-se até lá de bike: eu, o Filipe e a Joana.

Tempo ainda para reencontrar por lá outra cara conhecida que, apesar de não ser utilizadora diária de bicicleta na cidade, é grande apaixonada pela cidade, pela qualidade de vida e pelos passeios a pé.

Conclusões: foi com grande satisfação que descobri mais um percurso facilmente ciclável, mesmo com as condições existentes. Tráfego moderado, 2 vias de circulação em cada sentido, bandas sonoras e lombas para redução da velocidade, corredor BUS, largura para ciclistas.

Nota negativa: a falta de semáforos para peões em algumas das entradas e saídas da Rotunda do Relógio, que dificulta a mobilidade com rapidez e segurança de quem passa por ali a pé ou de bicicleta.

Penso que numa primeira fase da empreitada "tornar Lisboa ciclável", a câmara poderá definir, ainda que temporariamente, zonas cicláveis em infraestruturas existentes na cidade, nomeadamente zonas pedonais de reduzido tráfego de peões.

Durante o período de execução destas zonas cicláveis pela cidade, que estimo demorar cerca de 4 a 6 anos a ser materializado, a opção passa por estudar caso-a-caso, sendo que as várias soluções a adoptar passam pela criação de corredores para ciclistas nas bermas das vias, pelo alargamento de corredores BUS para 4m e respectiva permissão de utilização por parte de bicicletas, ou até mesmo zonas partilhadas por automóveis-bicis ou peões-bicis. Depende da zona em análise. Haja vontade política.

Paulo Santos
10147m de altitude e 1117km percorridos de bike em Lisboa desde 01/Jan/2008

» Dia 090 - 05/06/2008 «

Santos » Cid. Universitária » Amoreiras » Santos
Da cota 05m à cota 110m, 16km no total do dia.

Hoje dei aulas na EPCG, nas Amoreiras, pelo que fui almoçar cedo à Cidade Universitária. Depois passei a tarde toda a dar aulas. Ao final da tarde, regresso a casa, pelo Rato. Agora já voltei a usar capacete, no regresso a casa. As elevadas velocidades (por vezes a rondar os 50 km/h) que assustam-me um pouco, pelo que me sinto muito mais seguro, a descer, usando o capacete. A desvantagem é que desta forma arrisco muito mais, nomeadamente nas manobras de desvio aos automóveis.

Notícia do dia:

Picoas Plaza quer ser espaço de convívio para ciclistas de Lisboa

Centro Comercial Picoas Plaza abre esta sexta-feira as portas aos ciclistas e inaugura um parqueamento para bicicletas.

A abertura deste espaço às bicicletas irá realizar-se esta sexta-feira, dia 6 de Junho, pelas 18h30 no Picoas Plaza. Todos os ciclistas estão convidados a poder usufruir deste espaço de lazer.

Eu estarei lá para tomar um café. Apareçam.

Paulo Santos
9806m de altitude e 1088 km de distância percorridos em Lisboa desde 01/Jan/2008

» Dias 088 e 089 - 01 e 04/06/2008 «

Santos » Miradouro de Santa Catarina
Da cota 5m à cota 45m, 3km (ida e volta)

No dia seguinte ao do passeio com os Erasmus por Lisboa, decidi descomprimir um pouco. Fui atá ao miradouro de Santa Catarina (Adamastor) para apreciar a vista e redigir o relatório do passeio. Pela primeira vez subi a Calçada do Combro. Tinha planeado subir com a bike à mão, prevendo que me iria cansar. Mas pedalada atrás de pedalada acabei por fazer na totalidade uma das ruas mais íngremes de Lisboa. 300 m de pura subida. Mas enfim, a minha forma física já me permite fazer estas aventuras sem chegar à exaustão, nem nada que se pareça.

(Passagem pelo Largo do Camões)

Santos » Rêgo » Cid. Universitária » Rêgo » Santos
Da cota 05m à cota 80m, 16 km (ida e volta)

Um dia fora do comum: todo ele foi passado no mesmo local. De manhã saí de casa pela 09:00h com destino ao gabinete de engenharia no Rêgo. Santos, Baixa, Rossio, Restauradores, Av. Liberdade, Marquês, Fontes P. Mello, Ant. Aug. Aguiar, Praça de Espanha, Rego. São sítios da cidade que já conheço muito bem e onde já me sinto em perfeita segurança nestas pedaladas.
Almoço na cantida da cidade universitária (a 2000m) e regresso ao trabalho. Ao final da tarde, regresso a casa. Como não me estava a apetecer passar pelo Marquês em hora de ponta, no El Corte Inglês virei para o Alto do Parque Eduardo VII de forma a seguir para o Rato pela Artilharia I. Menos tráfego, menor poluição sonora e atmosférica. Maior segurança.
E claro, para terminar o dia em grande, a descida da Rua de S. Bento a mais de 40 km/h.

NOTÍCIA: O Picoas Plaza vai em breve autorizar a entrada de bicicletas no interior do pátio das esplanadas. Foram inclusivé colocados estacionamentos para bicicleta ao cimo da rampa de acesso ao pátio. Darei posteriormente notícia do dia da inauguração. Seria interessante aparecermos todos por lá, nem que mais não seja para sermos dos primeiros a usufruir daquele que penso ser um dos primeiros espaços Bike Frienfly do género . E claro, tomar por lá um cafezinho.

Cumprimentos.
Paulo Santos.
1072 km de bike em Lisboa desde 01 de Janeiro de 2008.
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» Dia 087 - 31/05/2008 «

1º Erasmus Lisbon Bike Tour

Da cota 4m à cota 85m: Praça do Comércio » Saldanha

(O grupo antes do arranque, na Praça do Comércio)

Um passeio excepcional para desmistificar as inclinações da cidade de Lisboa. Estudantes estrangeiros em erasmus em Lisboa, de 7 países diferentes, pedalaram comigo da cota mais baixa da cidade, para um dos pontos mais altos, no planalto central.

(O grupo no Marquês de Pombal)
Palavras para quê. Fica aqui o texto (com pequenas alterações), publicado hoje no Jornal Público.

"Alunos universitários e turistas reuniram-se ontem na Baixa lisboeta para mostrar que é possível pedalar na cidade apesar das muitas descidas e subidas. Argentina, Polónia, Finlândia, Lituânia, França, Espanha, Brasil, Alemanha. Sete países, 15 bicicletas. O que estava previsto ser um passeio de estudantes do programa Erasmus alargou-se também a turistas, ontem, na Praça do Comércio, em Lisboa. Eram três da tarde e o tempo parecia ajudar os ciclistas, muitos deles habituados a pedalar debaixo de temperaturas negativas. "Encomendei o sol", brincava Paulo Santos. Ainda a elaborar a tese de mestrado 100 dias de bicicleta em Lisboa, o professor e engenheiro civil desafiou "estudantes Erasmus das chamadas cidades planas" para provar, ou não, que a capital é "ciclável". Porque, diz o especialista em vias de comunicação e transportes, "Lisboa é, afinal, um grande planalto". Era a primeira vez para quase todos, ontem na Baixa lisboeta. Mas para Löic Lhopitallier, um francês há três anos em Lisboa, a história era diferente. O estudante de Medicina, que não larga as duas rodas nem para ir às compras, diz que os grandes problemas da capital alfacinha não são as sete colinas, mas o trânsito, a calçada portuguesa e os buracos. "O pior que me aconteceu foi descer a Avenida do Brasil a alta velocidade e encontrar um buraco. Fiquei com os pneus quadrados". Mas ontem, os 4 km correram sem percalços. Da Praça do Comércio ao Saldanha (cerca de 85 metros acima do nível médio do mar), na via de Bus, os comentários, contou Paulo Santos, eram sobretudo "sobre o facto de não existirem ciclovias". Sobre as míticas subidas, Adam R., estudante de Erasmus, habituado a utilizar a bicicleta na Polónia, garantiu que "a subida não é nada de especial". "Colinas? Também tenho montanhas na minha cidade". O passeio serviu também para provar a Leandro Gatti, um argentino a quem os colegas portugueses aconselharam a não comprar uma bicicleta - com o argumento de que "em Lisboa são só subidas e descidas" -, que as subidas, pelo menos as que ontem transpuseram, não são um problema. Paulo Santos reconhece que o mesmo não se poderia dizer de uma ida ao Castelo, por exemplo, mas a isso responde que "70 por cento dos fluxos de pessoas na cidade são feitas à beira-rio, pelas avenidas novas e transversais". Para os restantes 14 dias, que faltam para completar a centena de jornadas para a realização do estudo, o engenheiro pretende convidar comunidades de imigrantes a fazer o mesmo percurso. Ao final da tarde, o francês, o polaco, o inglês e o espanhol misturavam-se com "pasteles de nata" no Martinho da Arcada e conversas sobre subidas e descidas, cidades e bicicletas. Entre os habitantes das tais cidades planas de que falava Paulo Santos, as opiniões eram unânimes: é possível pedalar na capital. E depois destes 100 dias?"Fazer mais 100, agora só deixo de andar de bicicleta em Lisboa se sair daqui."

(Descida pela Avenida da Liberdade, sem zonas cicláveis definidas)

Quero só acrescentar que inicialmente estava previsto dar um saltinho ao Parque Eduardo VII, mas por falta de tempo, e por o principal objectivo estar cumprido (chegar ao Saldanha e obter as opiniões deles), optei por regressar novamente à Baixa.

Nota final 1: nos inquéritos que lhes pedi para preencherem, só uma pessoa se mostrou um pouco cansada. Um jovem francesa, que NÃO utilizava a bicicleta há anos. Contudo, notava-se-lhe um sorriso estampado no rosto por ter participado nesta iniciativa e conhecido a cidade de Lisboa de bicicleta, de uma forma rara para os turistas da cidade.

Nota final 2: A grande crítica à cidade de Lisboa não foi sequer as inclinações, mas sim a total inexistência de zonas definidas para ciclistas. Foi uma grande e desagradável surpresa para todos. Esperavam mais respeito dos responsávei políticos para com qeum nos visita.

(Perpectiva do "Martinho da Arcada", que ofereceu o lanche aos estudantes)

Agradecimentos:

À Biclas.com e ao Vitor Branco pelo apoio e pelas bicicletas emprestadas,
Ao António Sousa do Martinho da Arcada,
À Daniela Gouveia do Jornal Público,
A todos os portugueses que por lá apareceram e que também emprestaram as suas bicicletas,
Aos agentes da Polícia Municipal, que gentilmente nos "acarinharam" e escoltaram.
Ao Telmo Braga, que gentilmente me cedeu a sua "Canon" para registar estes momentos fantásticos.
Ao Hugo Jorge pelo apoio à promoção deste projecto,
Aos condutores da Carris e Táxistas que pacientemente se desviaram da sua faixa BUS, que nós, por questões de segurança, ilegalmente utilizámos.
E especialmente a todos os estudantes e turistas estrangeiros a quem "roubei" uma tarde, bem passada espero, e que aceitaram este desafio.


Em breve coloco disponível o relatório deste passeio, com as estatísticas dos inquéritos realizados ao chegar ao Saldanha.

Maiores cumprimentos.

Paulo Santos

Relatos de quem já pedala pela cidade de Lisboa .............

São cada vez mais aqueles que usam a bicicleta como meio de transporte em Lisboa ( 29 testemunhos) ....................................... ver mais »

Engenharia Civil - Vias de Comunicação e Transportes

Intermodalidade de Transportes na cidade de Lisboa
Quanto lhe custa TER e USAR o seu automóvel ?
Os "100 dias" nos media

FAQs, Links, e informações de interesse para o ciclista ..........................

O código da estrada e os velocípedes ....................................
Rede de zonas cicláveis em Lisboa .....................................
Estacionamento para bicicletas, na cidade de Lisboa .............. brevemente
Rede de lojas e oficinas de bicicletas em Lisboa ............ brevemente
Transporte de bicicletas no metropolitano de Lisboa ...............
Transporte de bicicletas nos comboios da CP .....................
Transporte de bicicletas nos comboios da Fertagus ................
Transporte de bicicletas nos barcos da Transtejo e Soflusa ............
Custos comparativos com o uso do automóvel ............................ brevemente
Revistas da especialidade ......................................................... brevemente
Associações e grupos de entusiastas ........................................ brevemente
Eventos ................................................................................... brevemente

C.V. resumido


Currículo Vitae
Paulo Manuel Guerra dos Santos, Eng.º Civil.
Contacto: guerradossantos@gmail.com

Dados Pessoais
Nascido em 1973

Experiência Profissional
1995 a 2007 – Colaborador em diversas empresas de Projecto de Estradas e Consultoria (Proplano, Triede, Tecnofisil, Consulógica), onde desenvolveu competências na área do desenho e projecto de estradas, em particular com recurso às aplicações informáticas: AutoCAD, SMIGS e CIVIL 3D.

Experiência Pedagógica
1994 a 2007 – Mais de 6000h de formação ministradas em diversas escolas, centros de formação e empresas do continente e ilhas, nas áreas de Robótica Industrial, CAD, Topografia e Projecto de Estradas Assistidos por Computador.

Estágios Profissionais e Projectos Internacionais
2007 – Participação em projecto académico europeu na área da engenharia hidráulica, na Alemanha.
2007 – Estágio na Finnish Road Administration (Instituto de Estradas Finlandês), na cidade de Turku, na Finlândia.
2006 – Participação em projecto académico europeu na área da engenharia hidráulica, na Holanda.
1993/ 94 – Estágios na área da Robótica Industrial, em empresa tecnológica do sector metalomecânico, em Portugal.

Formação Académica
2007 – A preparar a tese de mestrado sob o tema “100 dias a ciclar na cidade de Lisboa”, com início previsto para 01 de Janeiro de 2008.
2007 – Conclusão da Licenciatura bi-etápica em Engenharia Civil, Ramo de Vias de Comunicação Rodoviárias, ISEL, com média de 15 valores.
1999 – Conclusão do Bacharelato em Engenharia Civil, ISEL, com média de 14 valores.

Formação Profissional em Novas Tecnologias de Informação
1995 a 2006 – Diversas acções de formação profissional nas áreas de Robótica Industrial, CAD, SIG, Topografia, Engenharia de Estradas, Design Gráfico e Criação de páginas de Internet.
1992 a 1994 – Curso de Robótica Industrial, CENFIM, com 3000h.

Formação Pedagógica
1994 a 2003 – Diversas acções de Formação Pedagógica de Formadores e Meios Audiovisuais.

Certificações Pedagógicas
Desde 2000 – Certificado pela AutoDESK, como formador autorizado em tecnologias de desenho e projecto assistidos por computador.
Desde 1998 – Certificado pelo IEFP como Formador, com CAP.

Resumo da situação actual
Actualmente exerce actividade em regime de freelancer como Técnico Especialista e Formador nas áreas de:

- Desenho Técnico Assistido por Computador (AutoCAD), para Arquitectura, Engenharia e Construção, a 2D, 3D e 4D.
- Modelação Digital de Terrenos, para Topografia (CIVIL 3D).
- Cálculo de Vias de Comunicação Rodoviárias Assistido por Computador (CIVIL 3D).

Outras informações
Disponibilidade total. Flexibilidade de horários. Habituado a viajar pelo país e pelo estrangeiro.
Muito bom nível de inglês falado e escrito. Excelentes capacidades de comunicação.
Não fumador. Dador de sangue. Praticante de desportos de combate.