Sábado. Dia de aulas de Futebol no estádio universitário. Meio de transporte habitual: o carro, claro! Mas não hoje. Hoje é dia de avançar, aos poucos, de bicicleta. Como devem imaginar, para quem como eu nunca, repito, NUNCA andou de bicicleta pela cidade, esta experiência tem de ser realizada com passos pequenos. Pelo que hoje, ainda por cima com esta chuva miudínha, me fez querer experimentar aquilo que chamo de "Mobilidade Integrada para Cicilistas". Lá saí eu de casa com a bina. Na realidade, da garagem. Tenha a máquina estacionada mesmo em frente do carro, pendurada num suporte de parede. Subi a Rua de São Bento até ao Rato (coisa para 1 km) e meti-me no metro para experimentar. É fantástico a facilidade com que nos deslocamos com a bina pelo metro. Os elevadores são largos, as cancelas mais largas permitem a passagem em simultâneo da bina e do ciclista, as carruagens permitem encostar a bina de forma a não cair nas curvas ou nas travagens. Uma experiência muito interessante. Um senhor de idade meteu conversa comigo, pois tinha visto a entrevista na SIC. Desejou-me boa sorte para o projecto, rematando com um "quero ver se também compro uma". Saí na Cidade Universitária e desci até aos campos de futebol de relva sintéctica.
Depois do treino, continuava a chuver, pelo que arranquei até à cantina II, na Av. da Forças Armadas, onde costumo almoçar com a rapaziada que já conheço há anos. Uma hora de agradável conversa. Tinha planeado voltar de bicicleta pela Av. 5 de Outubro, mas um amigo convenceu-me a ir de metro com ele até ao Rato e visitar o Museu de Ciência, onde ele trabalha. Assim o fiz e no final segui pelo Príncipe Real, até ao Largo do Camões, Calçada do Combro (a descer) e assim cheguei a casa.
Mais uma vez, as dificuldade foram poucas ou nenhumas, apesar de ter feito uma parte do percurso de metro. Mas é isto mesmo o meu projecto: estudar a mobilidade para ciclistas, mas integrando-a com outros meios de transporte, por vezes mesmo com o veículo privado. O carro não é o inimigo público. É mais um meio de transporte ao dispor das pessoas. Apenas tem de ser utilizado com moderação. E claro, reduzido ao máximo no centro das cidades.
Domingo vou trabalhar com um colega, na área do projecto de estradas, em Cascais. Ele costuma apanhar-me com o seu carro no Largo de Santos. Cascais é longe. Mas é fim-de-semana. O trânsito é pouco. Por isso, não vou andar de bina.
6 comentários:
Paulo, para Cascais pode continuar a opção pela multimodalidade levando a bicicleta no comboio, que, aos fins-de-semana e feriados além de gratuito não tem restrições de horário.
Quanto ao Metro e os elevadores, deve ter tido sorte com as estações que usou até agora, porque a maior parte das estações, parece-me que ou não têm elevadores, ou têm-nos mal sinalizados ou são pequenos para uma bicicleta normal. Estas dificuldades afectam também as pessoas com mobilidade condicionada e todos os utentes que transportem bagagem mais pesada , carrinhos-de-bebé, etc.
Já agora, onde é que encosta a bicicleta, nas carruagens? Nunca usei o metro com a bicicleta grande, mas presumo que ofereça os mesmos problemas que o comboio (ex. da linha de Cascais).
Ana, no metro encosta-se a bicicleta na contra-porta.
Tem razão com os elevadores. Na gare Oriente e Alameda já encontrei seguranças que impediram o uso do elevador com bicicleta.
(quando chove, é assim que venho para casa)
Força, Paulo. Poderia ter aproveitado para fazer a marginal a um domingo de manhã. O passeio é lindo. E quando estivesse cansado, metia-se no comboio.
Aliás, interessa-me muito as deslocações aos locais em redor de Lisboa.
Por outro lado, a multimodalidade é uma valência importante como diz a Ana. Mas se começamos a invadir o metro e a carris com as bicicletas, acabamos por entupir um serviço em especial para passageiros.
A bicicleta tem que conquistar um lugar próprio, como alternativa autónoma, autosuficiente na estrutura viária, constante, eficaz e viável. E não podemos incomodar os habituais passageiros do metro. Eles não têm que levar sistematicamente com as bicicletas. Digo eu ...
E os seguranças até estão 'certos', pois os senhores do Metro têm uma norma estúpida (é essa a palavra) que proibe o transporte de bicicletas nas escadas rolantes e elevadores:
«É proibido o transporte de bicicletas nas escadas mecânicas, tapetes rolantes e elevadores existentes nas estações e acessos;»
http://www.metrolisboa.pt/Default.aspx?tabid=735
Hélder,entretanto o Frederico já disse algo que até me tinha esquecido, que é a inexistência de infrastruturas adequadas ao transporte de bicicletas no Metro - quer as carruagens não preparadas, quer a proibição de usar os acessos (não me estou a ver a conseguir carregar facilmente a minha bicicleta normal de 20 kg escadas acima e escadas abaixo, ou pelo menos a alguma vez querer depois repetir a experiência!)...
Esta situação também acontece nos comboios, mas é, geralmente, menos grave porque as estações estão ao nível da rua.
Não acho que devamos ir incomodar os outros passageiros dos TP com as nossas bicicletas, o que acho é que seria sinal de inteligência e planeamento estratégico, os operadores de TP (apoiados e/ou incentivados pelo Estado) criarem extras para acomodarem mais utentes. Com bicicletas (e outros acessórios de mobilidade). Carruagens adaptadas (que dão para TODOS os tipos de passageiros, acessos adequados, parques de estacionamento, etc. Ganhavam clientes, as pessoas ganhavam alternativas de mobilidade, talvez houvesse menos carros a circular, menos poluição, menos trânsito motorizado privado,...
Nota: quando levo a bicicleta dobrável dobrada não considero que esteja a invadir o espaço de ninguém, se os outros podem levar os sacos do ginásio, os sacos de viagem, os trólleys das compras, os carrinhos de bebé, etc, eu também tenho direito a um pouco de bagagem. Claro que as bicicletas grandes normais é diferente, e aí a minha opinião é a de cima.
Caríssimos, mais uma vez obrigado pelo vosso forte apoio. Todas as opiniões, sugestões e críticas são fundamentais para o sucesso deste projecto. Não tive realmente problemas com o elevador da estação de metro do Rato. Na cidade universitária este não existe, mas a estação é muito pouco profunda, pelo que são apenas alguns degraus a vencer.
Em relação ao passeio pela marginal até Cascais usando a bicicleta, não tenho a menor dúvida da sua beleza, mas nesta situação, limitei-me a aproveitar a boleia de um outro colega que faz esse percurso de automóvel. Em todo o caso, sempre foi uma carro com 2 passageiros, em vez de 1, como é usual. Mas sem dúvida que vou testar essa intermodalidade com a CP. Até porque faz parte do estudo. Um abraço a todos.
Aproveite e convença o seu colega a ir consigo no comboio (com as binas) ao invés de irem os 2 de carro.
É que se andar de bicicleta é bom, andar com companhia ainda é melhor!
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