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6 km
É curioso como o nosso cérebro se "vicia" em determinados comportamentos, provocando em nós acções muias vezes intuitivas devido ao hábito.
Hoje, pela manhã, necessitei de ir a uma agência bancária da CGD, tratar de assuntos financeiros. Como tenho uma agência a cerca de 100m de casa, desloquei-me a pé. Curiosamente, nessa agência não me conseguiram resolver o problema, pelo que me sugeriram ir à agência da Rua do Oura, na Baixa. Instintivamente, comecei a dirigir-me até à Baixa, a pé. Percurso que estava habituado a fazer desta forma, antes de começar a usar a bicicleta como meio de transporte. Era um percurso que me demoraria cerca de 15 minutos, usando a forma mais antiga de locomoção do Ser Humano.
Já tinha percorrido uns 300m metros quando de repente se fez luz na minha mente: "Mas que raio!!! Porque é que estou a ir a pé? Ainda para mais estou com alguma pressa. Vou mais é de bike"
Não tenho bem a certeza do porquê deste lapso do meu cérebro. Talvez, apesar dos mais de 1200 km já percorridos de bike pela cidade, o meu cérebro ainde não ache "normal" pensar instintivamente em usar a bicicleta. Talvez o meu cérebro ainda não se tenha reprogramado na totalidade, de forma a pensar em primeiro lugar na bicicleta, antes de uma qualquer outra forma de locomoção.
(A minha bike amarrada a um sinal de trânsito, mesmo em frente à agência da CGD, na Rua do Ouro. De dentro da agência consegui ver perfeitamente o meu veículo, o que me deixava bastante tranquilo)
(A minha bike apenas trancada com o cadeado, em frente à agência do BES da Rua Augusta. Apesar de não estar amarrada, conseguia vê-la perfeitamente de dentro da agência. Era pouco provável que alguém agarrasse nela e conseguisse correr com ela às costas, mais do que eu atrás dele)
Este episódio fez-me lembrar dos primeiros dias deste projecto: foi incrivelmente difícil para o meu cérebro readaptar-se a uma nova forma de locomoção. Estava tão habituado a andar de carro e transportes públicos, estava tão habituado a seguir sempre pelos mesmos caminhos, já sabia exactamente os tempos que ía demorar, que quando comecei a explorar a cidade de bike, tive de colocar novamente o cérebro a funcionar, fazer de novo o treino mental para pensar por onde ir, o tempo que demoraria, o estado dos pavimentos, onde deixar a bike, se aguentaria o esforço físico, se ..., se ..., se ...
Eram naturalmente mais as incógnitas que as variáveis conhecidas, desta fórmula (na altura complexa) que tem como resultado o grau de difilculdade em andar de bicicleta pela cidade de Lisboa.
Mas actualmente, ultrapassadas as primeiras 2 semanas (que foram sem dúvida as mais difíceis, onde cheguei mesmo a ponderar mudar para outro tema esta minha tese de mestrado), vencido o preconceito de usar a bicicleta na cidade, depois de ter ganho forma física, depois de descobrir que já outros como eu andavam por aí de bike, depois de descobrir que todas as pessoas, entidades e instituições com quem trabalho me apoiavam incondicionalmente neste projecto, aí meus caros, o força que eu necessitava já estava enraízada dentro de mim, e "pedalar para o trabalho" foi sem dúvida, para mim e para as pessoas com quem partilho o meu dia-a-dia, um factor de humanização nas relações diárias que mantenho com eles e com esta cidade magnífica fundada por Ulisses.
Boas pedaladas a todos os que o fazem, e um grande apoio a todos os que ponderam fazê-lo. Acreditem, só custa (e muito) nas primeiras duas semanas.
Paulo Santos.
8 comentários:
Ver os comentários do Eduardo à entrevista do Ricardo à RPL em:
http://bicicletanacidade.blogspot.com/2008/06/europa-entrevista-pedais.html
FAz agora um mês que comecei a fazer grande parte dos meus percursos na cidade do Porto de bicicleta (outra cidade dita imprópria para ciclar). Estou completamente de acordo com o ajuste que é necessário ser feito na forma de estabelecer novos trajectos. Aos poucos vai-se percebendo os melhores percursos quer do ponto de vista da segurança, quer do cansaço. Abraço e boa sorte para os proximos 100 dias :)
ps: fica o convite para aparecer no meu recém-criado blog sobre a aventura em duas rodas
Hoje lá fui fazer mais 50 Kms de bicicleta para a zona da Expo.
E não sei se é impressão minha mas cada vez vejo um maior número de ciclistas.
O efeito LBT é fantástico porque grande parte das biclas eram as defeituosas da Ponte mas não vi ninguem apeado nem com cãibras(?).
E não se vê bicicletas de estrada em alta velocidade de gajos com grandes "investimentos" em Sagres ou Super-Bock e de equipamentos garridos.
Vamos começar a pensar fazer uma manisfestação à porta da C.M.L. e entregar um caderno reivindicativo.
Boas pedaladas.
VB
olá boa noite, estava a ler o teu blog por acidente, proveniente de outro site qualquer e, chamou-me a atenção!
Eu por sinal ainda não tomei coragem em ir para o trabalho de bicicleta, sobretudo porque na vinda é sempre a subir! Talvez se vir mais gente a andar na rua durante a semana, junte-me também! Fora isso... atiro-me sempre a ela aos fins-de-semana! E tens razão, para ganhar resistencia basta poucas semanas! é fantástico! e eu que sou fumador, noto grandes diferenças!
um abraço,
ATG
É uma coisa que já me lembrei de "organizar" mas depois há sempre isto ou aquilo para fazer: um "bikebus".
É juntar uma série de pessoas que têm percursos comuns de casa para o trabalho. Assim há mais segurança e motivação!
Videoblog, qual o percurso que faria de casa para o trabalho? Quem sabe não é comum a pessoas que vêm aqui espreitar...
Rui Sousa
Ontem, pelas 19H00, fiz o percurso Campo Grande - Encarnação (junto ao aeroporto)e, pelas 20H00, fiz o percurso inverso. Em ambos os sentidos, fui avistando vários ciclistas: Para começar, no semáforo da Av. do Brasil, ao fundo da alameda da universidade, eramos 3; eu segui pela Av. do Brasil e os outros 2 viraram para entrecampos; junto aos bombeiros da Encarnação, passaram por mim mais um par, com bicicletas de estrada. Eu faço este percurso bastantes vezes, e da rotunda do relógio à Av. de Berlim, utilizo o passeio da Av. do Porto (onde estava até há tempo o bar "o avião"). Raramente encontro alguém. É uma pena que esse passeio não seja aproveitado para ciclovia. É muito fácil ligar o Campo Grande à Expo!
No regresso, encontrei mais 2 ciclistas na Av. do Brasil e mais 1 já no Campo Grande.
Hoje, bem cedinho (7H40), na zona dos Anjos, subindo a Almirante Reis, lá ia um ciclista executivo, com a sua dobrável. De resto, este ciclista vejo-o quase todos os dias, durante todo o ano!
Boas pedaladas a todos
Caríssimos, obrigado pelos vossos testemunhos.
Sérgio, boas pedaladas aí pela cidade do Porto.
TugaonBike, eu também vejo cada vez mais gente com as bicicletas do "biketour".
Videoblog, em vez de esperar pelos outros para ir atrás, porque não ter a iniciativa?
Rui, a ideia do bikeBus é óptima. Esta semana vou percorrer a Av. Almirante Reis, sentido Rossio » Praça do Chile, quarta e quinta, por volta das 09:15h. Quem quiser pode acompanhar-me :)
Delta, em breve vou fazer um estudo de tráfego ... de bicicletas :) em diversas vias da cidade, para ter uma noção mais concreta do número de utilizadores de bicicleta, que são sem dúvida cada vez mais :)
Um grande abraço a todos.
Ola, parabens pelo blog e pela inicativa!
Eu tambem me desloco de Bicicleta por Londres, ja o fiz algumas vezes em Lisboa mas a experiencia foi um bocadito inferior principalmente devido a' ma' atitude dos automobilistas.
Em Setembro volto a Lisboa e cone comigo para menos um carro na estrada! Ja' agora aproveito para divulgar :) www.carpool.com.pt
Paulo
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