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Da cota 05m à cota 110m, 11.2 km, 35ºC e 70 minutos de deslocações no total do dia.
Hoje, pela primeira vez, saí de casa pelas 13:00h. Em plena hora de calor, com 35º C.
Um dos mitos que oiço com frequência da boca dos ignorantes (entenda-se: aqueles que falam do que não sabem) acerca das bicicletas e da cidade de Lisboa é o calor do verão. Sem dúvida que as temperaturas de verão em Lisboa são muito boas para ir à praia. Contudo, quero tecer aqui algumas considerações:
1º) A maior hora de calor é sempre da parte da tarde, entre as 12:00h e as 17:00h. E neste período, quem trabalha, está precisamente .... a trabalhar. As horas mais vulgares para a generalidade das pessoas se deslocarem de casa-trabalho-casa é entre as 08:00h-10:00h e entre as 17:00h-19:00h, periodos mais frescos. Já o fiz por diversas vezes nestes períodos, este verão. O esforço e o suor são os mesmos que noutras alturas do ano.
2º) Hoje, propositadamente, saí de Santos às 12:45h, em plena hora do calor, em direcção às Amoreiras, para ir dar aulas. Tracei várias estratégias, para "lutar" contra o calor:
- Levar água fresca e parar com frequência para a beber. Parei na Baixa, no Rossio e no Marquês.
- Pela Av. da Liberdade segui pela lateral, na sua maioria à sombra, graças às árvores dos passeios centrais, e a velocidade mais reduzida que o habitual: 6 km/h.
- No Marquês, pela primeira vez, experimentei apear da bicicleta, e levá-la à mão, também por baixo das árvores, até à Rua Castilho, precisamente o troço mais inclinado que encontro pelo caminho.
Conclusões: Hoje suei menos que em muitos outros dias, com temperaturas mais baixas. Demorei apenas mais 10 minutos do que os usuais 35, para fazer este percurso.
Em situaçãos pontuais na cidade, é perfeitamente viável transportar a bicicleta à mão, seja devido ao suor ou ao esforço físico, com a vantagem de podermos ir (legalmente) no passeio.
Hoje tive a prova de que, mesmo numa das situações mais desfavoráveis para se andar de bicicleta na cidade de Lisboa (subir 105m de altitude com 35ºC), há sempre alternativas para se combater seja o que for que nos possa intimidar na decisão de utilizar a bicicleta como meio de transporte. Só não há, quando é cérebro é de tal forma mediocre, em que é mais fácil inventar desculpas do que pô-lo a trabalhar em nosso proveito.
A Av. da Liberdade hoje estava fantástica, com os preparativos para as marchas populares de logo à noite. Aquilo que vi fez-me ter a certeza de que pode ser fácil, rápido e barato, criar condições de segurança para utilizadores de bicicleta. Ora vejam:
(criação de um corredor protegido por gradeamento e fitas da PSP, para possibilitar a circulação dos técnicos que montavam as estruturas para as marchas populares)
(idem)
(num troço, junto da tenda dos VIP's, foram inclusivé colocados elementos paisagisticos para "proteger" quem circula nesse corredor)
É perfeitamente possível, numa primeira fase em que se estejam a fazer as marcações para os corredores cicláveis nas principais avenidas da cidade, utilizar temporariamente estes gradeamentos, espaçados, de forma a criar condições (volto a dizer: temporárias) para que os utilizadores de bicicleta circulem em maior segurança.
Eu circulei, hoje, durante alguns metros num destes espaços e senti-me como se estivesse na minha própria via, em segurança, sentindo que podia circular à "minha" velocidade, por não ser pressionado pelos automóveis.
A ver vamos o que dá (mais) esta promessa da câmara de lançar o concurso público para a rede de bicicletas partilhadas até ao próximo mês de setembro.
Cumprimentos a todos.
Paulo Santos.
10560m de altitude e 1149 km percorridos de bicicleta em Lisboa desde 01/Jan/2008
6 comentários:
como eu escrevi em http://menos1carro.blogs.sapo.pt/100153.html
Na linha da argumentação comodista do "qualquer cidade do mundo é excelente para nos deslocarmos de bicicleta, desde que não seja a minha", há outro argumento curioso, o do calor. Aparentemente as nossas cidades estão embebidas num clima de 40º graus à sombra durante todos os dias do ano.
...
A foto é de Pádua, norte de Itália, cidade onde a bicicleta é rainha e onde em Junho a temperatura máxima média é de 26º (25º em Lisboa), em Julho 28º (27º), em Agosto 28º (27º) e em Setembro 25º (26º). Mas o mesmo poderia dizer da vizinha Bolonha com 27º, 30º, 29º e 25º, e de tantas outras cidades.
Sem dúvida, Miguel, que a todos os níveis, temos a melhor cidade Europeia no que diz respeito às condições climatéricas para andar de bicicleta. Seja para o frio (10ºC de inverno, para um Finlandês, é quase verão), para o calor (muitas outras cidades têm temperaturas superiores), para a chuva (menos de 40 dias de chuva intensa por ano) e já agora para o nevoeiro (acho que ainda ninguém se lembrou desta desculpa). Venham daí as zonas cicláveis, que nós utilizadores, tratamos do resto, ou seja, de usá-las !!!!
Relembro que já podem levar a vossa bike e estacioná-la no Picoas Plaza, bem no interior do pátio das esplanadas.
Paulo Santos
Caro Paulo,
Tenho verificado pelas suas crónicas, que ao subir a Av. da Liberdade, utiliza sempre a lateral, tendo inclusivé já referido que há espaço suficiente para a bicicleta e para o carro que o ultrapassa.
Não concordo consigo. Em minha opinião, o espaço é apenas o suficiente para um carro circular no eixo da via, já que em ambos os lados há marcações para estacionamento de carros. A juntar a isto, há ainda o péssimo estado do piso.
Pergunto: porque não utiliza o passeio central, que é larguíssimo e o piso é francamente melhor! Não se trata de um passeio de reduzidas dimensões, bem pelo contrário.Pode ser utilizado por ciclistas e peões simultaneamente, com algum cuidado, claro. E em dias de calor, tem a vantagem da sombra :-)))
Um abraço
Concordo, caríssimo Delta. Os passeios centrais da Avenida de Liberdade são excepcionais. Aliás, foi por lá que circulei com os estrangeiros que convidei para pedalarem comigo até ao Saldanha. A desvantagem é o elevado número de cruzamentos, que obriga a desviarmo-nos do passeio e voltar à estrada para continuarmos o nosso trajecto em segurança.
Não acho que o piso esteja em mau estado, no sentido ascendente. Com as velocidades que pratico na subida (10 a 15 km/h) nem chego a notar as irrugularidades. No lado descendente, aí sim, é preciso um pouco mais de cuidado, até devido à tentativa de se taparem os carris de eléctrico. Contudo, há uma grande vantagem em o estado do pavimento estar degradado e as vias serem mais estreitas em alguns pontos: os automobilistas, mesmo que não gostem e não queiram, têm de circular a velocidades mais reduzidas. E isto significa atenção redobrada, o que tem como consequência uma maior segurança para todos os outros utilizadores da via, nomeadamente os utilizadores de bicicleta como nós.
Cumprimentos.
Não tenho a certeza mas acho que suaste menos a fazer o percurso na hora de calor, do que, qualquer automobilista sua se fizer o mesmo percurso à mesma hora num carro sem ar condicionado... ")
Eu passei de bicicleta em direcção ao Marques pela lateral da Av. da Libedade ao fim do dia quando as faixas centrais da avenida estavam fechadas e o transito foi desviado para as laterais. Deu-me um grande gozo passar normalmente pelos carros (a maioria só com uma pessoa) parados devido ao transito.
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