A CIDADE EM NÚMEROS - Altitudes e Declives
Este período de chuva que se tem abatido em Lisboa, juntamente com um novo pico de trabalho na minha área de engenharia, algumas saídas para fora da cidade, bem como a necessidade de resolução de algumas questões burocráticas relacionadas com a minha tese de mestrado, ditaram uma suspenção temporária nas pedaladas pela cidade.
Contudo consegui, no site do Instituto Superior Técnico, descobrir em formato digital a topografia tri-dimensional da cidade de Lisboa, à escala 1/10 000, o que me permitiu fazer já alguns estudos sobre a cidade, nomeadamente as áreas, as várias altitudes bem como os declives mais e menos acentuados.
E após algumas análises, penso que vou conseguir provar aquilo que já suspeitava à algum tempo: a cidade de Lisboa não são 7 colinas, mas sim um grande planalto. 3/4 da cidade estão acima da cota 50m.
Uma grande percentagem da cidade assenta em zonas com menos de 5% de inclinação, e mais de 2/3 da cidade (67.4% para ser mais exacto) tem inclinações inferiores a 10%. Apenas 8% da área da cidade tem inclinações superiores a 20%. O ponto mais alto fica em Monsanto, a 228m, e sem contar com este, as Amoreiras assumem-se como o ponto mais alto da zona central da cidade, a 120m. E se nos afastarmos um pouco mais, a Alta de Lisboa tem alguns pontos a ultrapassar a cota de 150m de altitude.
Se analisarmos apenas as zonas da cidade com maior fluxo de gente, no fundo toda a marginal da cidade, do Parque das Nações a Belém, e todo o eixo que vai da Baixa ao Lumiar, estes números mudam drasticamente a favor dos utilizadores de bicicleta. Apenas o percurso da Baixa ao Alto do Parque Eduardo VII (e Amoreiras) se revela mais cansativo e moroso de percorrer de bicicleta. Mas uma vez chegado a um destes pontos, meus caros, temos a cidade por nossa conta, e bem abaixo dos nossos pés.
E é aqui que penso que a Câmara Municipal de Lisboa poderá dar um grande contributo para estimular o aumento do número de utilizadores de bicicleta na cidade de Lisboa. Ajudar a vencer este desnível de cerca de 100m de altitude. Soluções há sempre muitas, desde teleféricos a elevadores, mas o dinheiro é sempre um problema e não queremos endividar ainda mais a cidade. Por isso, que tal uma solução a CUSTO ZERO?
Se eu vos dissesse que a Câmara de Lisboa tem tudo o que é necessário para tornar operacional um sistema de apoio ao ciclista, que o ajude a "escalar" da Baixa para o alto do Parque Eduardo VII, em pouco tempo (4 a 5 minutos) e sem esforço? E a custo zero, em termos de investimento. Existe apenas um custo de operação, mas muito reduzido.
Parece estranho? :) Deixem-me apresentar a ideia a algumas pessoas de alguns departamentos da câmara, muito receptivas e apoiantes desta nova maneira de nos deslocarmos pela cidade, bem como aos meus orientadores, que depois conto-vos tudo.
Entretanto, continuem por favor a mostrar as vossas bicicletas diariamente aos outros Lisboetas, dando o exemplo. Mesmo debaixo de chuva :) como alguns me têm dito que o fazem. Eu, confesso, ainda tenho de ganhar alguma coragem para o fazer :)
Boas pedaladas a todos.
O projecto dos "100 dias"
01.01.'08 - Apresentação e arranque do projecto ............ SIC
12.05.'08 - Primeiras conclusões aos 80 dias ................... SIC 02.07.'08 - Transportes amigos do ambiente .................. RTP2
18.09.'08 - Conclusões finais aos 130 dias ....................... TVI 22.09.'08 - Dia Europeu da Mobilidade 22.09.2008 ........ RTP1
02.11.'08 - Caia Quem Caia e as bicicletas ....................... TVI 30.12.'08 - Fim do Projecto dos "100 dias" ...................... RCP
01.01.'09 - Fim do projecto dos "100 dias" ...................... SIC 06.01.'09 - 100 dias na Prova Oral .......................... Antena 3
1 Outra reportagem
2 Outra reportagem
3 Outra reportagem
4 Outra reportagem
5 Carmona Rodrigues
Tese de mestrado "Contribuição do modo BICI na gestão da mobilidade urbana" - Descarregar PDF »»
12.05.'08 - Primeiras conclusões aos 80 dias ................... SIC 02.07.'08 - Transportes amigos do ambiente .................. RTP2
18.09.'08 - Conclusões finais aos 130 dias ....................... TVI 22.09.'08 - Dia Europeu da Mobilidade 22.09.2008 ........ RTP1
02.11.'08 - Caia Quem Caia e as bicicletas ....................... TVI 30.12.'08 - Fim do Projecto dos "100 dias" ...................... RCP
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Dia 038 e 3/4 - 23/02/2008
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Relatos de quem já pedala pela cidade de Lisboa .............
São cada vez mais aqueles que usam a bicicleta como meio de transporte em Lisboa ( 29 testemunhos) ....................................... ver mais »
Engenharia Civil - Vias de Comunicação e Transportes
Intermodalidade de Transportes na cidade de Lisboa
Quanto lhe custa TER e USAR o seu automóvel ?
Os "100 dias" nos media
Quanto lhe custa TER e USAR o seu automóvel ?
Os "100 dias" nos media
FAQs, Links, e informações de interesse para o ciclista ..........................
O código da estrada e os velocípedes ....................................
Rede de zonas cicláveis em Lisboa .....................................
Estacionamento para bicicletas, na cidade de Lisboa .............. brevemente
Rede de lojas e oficinas de bicicletas em Lisboa ............ brevemente
Transporte de bicicletas no metropolitano de Lisboa ...............
Transporte de bicicletas nos comboios da CP .....................
Transporte de bicicletas nos comboios da Fertagus ................
Transporte de bicicletas nos barcos da Transtejo e Soflusa ............
Custos comparativos com o uso do automóvel ............................ brevemente
Revistas da especialidade ......................................................... brevemente
Associações e grupos de entusiastas ........................................ brevemente
Eventos ................................................................................... brevemente
Rede de zonas cicláveis em Lisboa .....................................
Estacionamento para bicicletas, na cidade de Lisboa .............. brevemente
Rede de lojas e oficinas de bicicletas em Lisboa ............ brevemente
Transporte de bicicletas no metropolitano de Lisboa ...............
Transporte de bicicletas nos comboios da CP .....................
Transporte de bicicletas nos comboios da Fertagus ................
Transporte de bicicletas nos barcos da Transtejo e Soflusa ............
Custos comparativos com o uso do automóvel ............................ brevemente
Revistas da especialidade ......................................................... brevemente
Associações e grupos de entusiastas ........................................ brevemente
Eventos ................................................................................... brevemente
C.V. resumido
Currículo Vitae
Paulo Manuel Guerra dos Santos, Eng.º Civil.
Contacto: guerradossantos@gmail.com
Dados Pessoais
Nascido em 1973
Experiência Profissional
1995 a 2007 – Colaborador em diversas empresas de Projecto de Estradas e Consultoria (Proplano, Triede, Tecnofisil, Consulógica), onde desenvolveu competências na área do desenho e projecto de estradas, em particular com recurso às aplicações informáticas: AutoCAD, SMIGS e CIVIL 3D.
Experiência Pedagógica
1994 a 2007 – Mais de 6000h de formação ministradas em diversas escolas, centros de formação e empresas do continente e ilhas, nas áreas de Robótica Industrial, CAD, Topografia e Projecto de Estradas Assistidos por Computador.
Estágios Profissionais e Projectos Internacionais
2007 – Participação em projecto académico europeu na área da engenharia hidráulica, na Alemanha.
2007 – Estágio na Finnish Road Administration (Instituto de Estradas Finlandês), na cidade de Turku, na Finlândia.
2006 – Participação em projecto académico europeu na área da engenharia hidráulica, na Holanda.
1993/ 94 – Estágios na área da Robótica Industrial, em empresa tecnológica do sector metalomecânico, em Portugal.
Formação Académica
2007 – A preparar a tese de mestrado sob o tema “100 dias a ciclar na cidade de Lisboa”, com início previsto para 01 de Janeiro de 2008.
2007 – Conclusão da Licenciatura bi-etápica em Engenharia Civil, Ramo de Vias de Comunicação Rodoviárias, ISEL, com média de 15 valores.
1999 – Conclusão do Bacharelato em Engenharia Civil, ISEL, com média de 14 valores.
Formação Profissional em Novas Tecnologias de Informação
1995 a 2006 – Diversas acções de formação profissional nas áreas de Robótica Industrial, CAD, SIG, Topografia, Engenharia de Estradas, Design Gráfico e Criação de páginas de Internet.
1992 a 1994 – Curso de Robótica Industrial, CENFIM, com 3000h.
Formação Pedagógica
1994 a 2003 – Diversas acções de Formação Pedagógica de Formadores e Meios Audiovisuais.
Certificações Pedagógicas
Desde 2000 – Certificado pela AutoDESK, como formador autorizado em tecnologias de desenho e projecto assistidos por computador.
Desde 1998 – Certificado pelo IEFP como Formador, com CAP.
Resumo da situação actual
Actualmente exerce actividade em regime de freelancer como Técnico Especialista e Formador nas áreas de:
- Desenho Técnico Assistido por Computador (AutoCAD), para Arquitectura, Engenharia e Construção, a 2D, 3D e 4D.
- Modelação Digital de Terrenos, para Topografia (CIVIL 3D).
- Cálculo de Vias de Comunicação Rodoviárias Assistido por Computador (CIVIL 3D).
Outras informações
Disponibilidade total. Flexibilidade de horários. Habituado a viajar pelo país e pelo estrangeiro.
Muito bom nível de inglês falado e escrito. Excelentes capacidades de comunicação.
Não fumador. Dador de sangue. Praticante de desportos de combate.
9 comentários:
Sem dúvida que andar por Lisboa de bicicleta não se apresenta uma tão grande dificuldade como algumas pessoas crêem, tirando certo pontos!
Desta vez fiquei bastante curioso...
Já se sabe há muito que o problema de Lx com as bicicletas não são os desníveis. Embora em algumas situações alguns desníveis possam ser um obstáculo, a co-modalidade com os transportes públicos poderia facilmente resolver isso, sem nenhum ónus financeiro para a CML, e apenas um investimento por parte dos operadores de transportes públicos (Carris e Metro), que o poderiam recuperar por captarem mais clientes. Nalguns troços mais íngremes, um elevador simples como o de Trondheim poderia ser uma ajuda. Elevadores ou teleféricos implicam investimentos muito mais avultados.
Já reparei que tem começado a construir as secções anunciadas logo no topo do seu blog. :-) No entanto, o que já lá está suscita-me uma questão fundamental relativamente a este seu projecto: São "100 dias de desporto em bicicleta em Lisboa" ou são "100 dias de transporte em bicicleta em Lisboa"? ;-)
Pergunto porque isto foi o que encontrei nas tais secções:
Revistas da especialidade:
Cenas a Pedal (O nome não corresponde ao link. "Cenas a Pedal" é um blog e uma empresa . a "Revista Pedal" foi uma revista, agora existe apenas como um site, e sobre BTT, nada a ver com mobilidade)
Bike magazine (revista sobre BTT - link partido, faltou o http://)
Super Ciclismo (revista sobre desporto, principalmente ciclismo de estrada)
BTT tour (é uma empresa de animação turística, não publica nenhuma revista, penso eu)
Portal BTT (é um site de BTT, tal como o Fórum BTT, que listou na secção "blogues" - não são revistas)
Não há revistas "da especialidade" da bicicleta como transporte em Portugal. O que listou são recursos "da especialidade" do desporto em bicicleta português... Daí a minha pergunta inicial. ;-)
Associações e grupos de entusiastas:
Massa Crítica (falta o http:// para o link funcionar)
Fórum BTT (É um fórum, não um blogue, e é de entusiastas essencialmente do BTT, embora com muitos tópicos mais vocacionados para a mobilidade - o link inclui o nome do blog seguinte)
O Xiclista (É um blogue de um ciclista (cicloturista?) de estrada, assumidamente não um entusiasta da bicicleta como transporte quotidiano na cidade de Lisboa... - falta o link)
Menos um carro (É de ciclistas, mas muito mais focado no automóvel e temas de mobilidade e planeamento urbano associados)
Ana Banana split (o nome do blog é "bananalogic", mas colocou o link para o endereço antigo, o actual é este;-) )
Mobibike - Projecto de bicicletas eléctricas
Alta de Lisboa (este blogue não tem muito a ver com entusiastas de bicicletas, parece-me)
Bicicleta Portugal
Bicicleta na Cidade (tem o mesmo link do blog que listou antes - o endereço é: http://bicicletanacidade.blogspot.com/, e o nome completo é "Utilizar a Bicicleta na Cidade")
E há mais uns poucos por aí que recomendo que visite, alguns de comentadores do seu blog, como o Frederico, por exemplo. :-)
Também não percebo bem o que pretende com a secção "Eventos":
2008/Abril/25 - De Lisboa a Gibraltar
2008/Abril/25 - De lisboa a Monsaraz
2008/Junho/22 - Lisboa Bike Tour
Os dois primeiros são Raids de BTT. São eventos de desporto como há milhentos outros por todo o país, e nada têm a ver com a bicicleta como meio de transporte urbano... E o último, das Lisboa e Porto Bike Tours, não são eventos relacionados com a mobilidade em bicicleta, embora sejam eventos potencialmente interessantes na sua promoção. Mas o focus é na saúde, no lazer e no desporto. (Atenção, que lhe falta o http:// para o link funcionar.)
Nesta secção, os mais óbvios seriam a Massa Crítica, na última 6ª-f. de cada mês, e o Festival Bike Portugal, a única feira da indústria de bicicletas em Portugal (que este ano decorrerá de 7 a 9 de Novembro, novamente no CNEMA), vocacionada para o desporto, mas lentamente a mostrar alguns produtos, marcas e empresas vocacionadas para, ou com alguns, produtos para o mercado dos 'bike commuters'.
Sugiro ainda estudo da questão da legislação portuguesa no que concerne ao Código da Estrada e os ciclistas, e à regulamentação das infrastruturas viárias específicas para bicicletas... Dois problemas fundamentais na protecção dos ciclistas no trânsito e no ordenamento e coerência das vias públicas exclusiva ou parcialmente para ciclistas.
Dicas: um projecto 'grassroots' de reivindicação de alterações ao actual CE, e outro para implementação de uma via segregada para ciclistas, num eixo central de Lisboa.
Espero que o tenha ajudado. Boa continuação de trabalho!
O Trajecto Farol não pretende a implementação de uma via segregada no centro de Lisboa... pretende sim criar um "trajecto ciclável de fácil implementação" que seja de muita visibilidade, tanto para a CML como para as bicicletas.
Filipe, tentarei saciar a sua curiosidade tanto quanto possível.
Ana, excepcional o seu comentário aqui no Blog. Obrigado. O meu trabalho é centrado mesmo no uso da bicicleta como meio de trasporte diário, não como desporto. Basta olhar para minha bicicleta, de utilização exclusivamente "urbana" e para a minha especialização na área das Vias de Comunicação e Transportes. Tentarei melhorar e corrigir os pontos para os quais chamou, e muito bem, a atenção.
Hoje retomei o uso da bicicleta, até porque o meu passe "30 dias" caducou ontem e não conto carregá-lo tão depressa :)
Maiores cumprimentos a todos.
Frederico, erro meu, então. Do que me lembrava do Trajecto Farol ficou-me a ideia de implementação de vias segregadas (ex.: usando zonas de estacionamento desactivadas na Av. FPM, p.e.). Fui rever todos os linkezinhos do wiki e vejo que realmente essa ideia foi abandonada.
Pelo que percebo, resume-se agora a definir um percurso principal para atravessar Lisboa de bicicleta e revindicar apenas que a CML faça o seu trabalho, pelo menos nesse troço: manter as vias em boas condições para todos os utilizadores. As laterais da Av. da Liberdade nem para carros estão aceitáveis, para bicicletas então aquilo é um martírio!...
Quanto às vias BUS + bicicletas, ainda não estou convencida de que sejam uma alternativa segura, prática ou mesmo justa...
Olha, estou desqualificado como adepto do ciclismo urbano...
As coisas que eu aprendo sobre mim próprio.
Se calhar porque acho que o metro não serve para transportar bicicletas, embora o pssa fazer excepcionalmente;
Ou porque considero uma cretinice - e bem perigosa - andar a 5 km/hora na via publica no meio do transito automóvel;
Ou porque acho que o uso da bicicleta implica um compromisso com a saúde e a disponibilidade fíisica para pedalar.
Deve ser por considerar idióticos os arguments contrários que fui desqualificado.
Se é assim, obrigado pela desqualificação.
è que a paciência já vai rareando para ouvir bitaites de quem ao fim de um par de Km já sabe tudo sobre bicicletas, em especial sobre os fundamentos técnicos, científicos, culturais e filosóficos da bicicleta. ( o que não é o seu caso, e só por isso ainda não desisti de trocar opiniões consigo).
«Olha, estou desqualificado como adepto do ciclismo urbano...(...) Deve ser por considerar idióticos os arguments contrários que fui desqualificado.»
Ora essa, ninguém o desqualificou de coisa nenhuma. Apenas disse que OXICLISTA não é um blog sobre ou de um "entusiasta" se aquilo de que falamos no projecto do Paulo são "100 dias de transporte em bicicleta em Lisboa" e não "100 dias de desporto em bicicleta em Lisboa". Até pode achar a ideia aceitável, ou boa, mas não é, pelo que tem escrito no seu blog, um "entusiasta". Pelo menos foi o que eu "absorvi" dos seus posts mais recentes relacionados com isto (ex: este, este, este , este, este e este).
è que a paciência já vai rareando para ouvir bitaites de quem ao fim de um par de Km já sabe tudo sobre bicicletas, em especial sobre os fundamentos técnicos, científicos, culturais e filosóficos da bicicleta.
Eu acho que o "confronto" ocorre porque a discussão usa os mesmos termos mas cada lado tem concepções muito diferentes do significado desses termos.
Por exemplo, o que é que a minha utilização da bicicleta em meio urbano tem a ver com a do Hélder? À primeira vista, nada. A não ser que por ventura não blogue sobre outras práticas ciclísticas que desenvolve.
Eu NUNCA usei uma bicicleta para praticar desporto. No máximo usava-a para IR praticar desporto (natação e dança, há muitos anos). A única viagem de 200 km de bicicleta que me apela seria ao longo de num mínimo 4 dias, acampando aqui e ali, dando um pulo à praia, espreitando os caminhos e lugarejos perdidos... ;-) Quando andei de bicicleta por caminhos de terra e pelos montes, foi porque esse era o modo mais rápido ou prático de lá chegar. Não estava a fazer BTT.
A utilização que sempre fiz e faço (e farei, espero) das minhas bicicletas é idêntica à que faço dos carros: para ir de A a B, para fazer viagens turísticas, para ir buscar coisas grandes ou pesadas, para ir ao supermercado, para simplesmente passear, etc.
Ora, eu não digo que o seu "ciclismo urbano" é impossível, não prático, impossível ou utópico. Até porque estaria a negar as evidências. Desporto é bom, bicicleta é bom, logo desporto em bicicleta tem que ser óptimo! Mas pelos vistos, o Hélder pensa exactamente isso do meu "ciclismo urbano". Mesmo contra as evidências.
A questão é, eu não faço "ciclismo urbano" e as minhas bicicletas não são de desporto, são utilitárias, tal como não faço ralis na cidade com o meu Opel Corsa nem faço Todo-o-Terreno com o jipe do meu pai (que é usado para trazer as batatas, ovos e afins da terrinha).
E, apesar de usar frequentemente a bicicleta em meio urbano, não me considero uma "ciclista urbana" na acepção "desportiva" do termo, tal como não me considero uma piloto de ralis ou de automobilismo em geral. Lá por estar em cima de uma bicicleta, não significa que seja uma atleta, tal como uma pessoa a caminhar ou a correr não é automaticamente um atleta, um maratonista ou seja o que for.
Claro que não ponho de parte a hipótese de um dia me meter no BTT, muito pelo contrário. :-) Já o ciclismo de estrada inibe-me tanto quanto os treinos de endurance das aulas de Ed. Física no Secundário. :-P Bom, mas nessa altura estarei a praticar um desporto e não a usar um meio de transporte.
Eu não vivo em Lisboa, mas muitos outros utilizadores de bicicleta vivem.
Afirmar que os seus milhares de quilómetros de estrada percorridos aos 100 de cada vez, a preocupar-se com a cadência e ritmo cardíaco, quilometragem acumulada, todo equipado com bicicleta, acessórios e vestuário próprios de desporto e desenhados para lhe oferecer uma elevada performance e conforto nesse tipo de utilização, lhe dão automaticamente autoridade e experiência na utilização utilitária que eles fazem é pouco lógico.
Tanto quanto algum desses ciclistas com vários anos e quilómetros de "bike commuting", com prática a escolher o melhor vestuário para usar com bicicleta sem se sujar, amarrotar, ensopar em suor ou morrer de frio, etc, que já experimentou mil e um truques para estacionar a bicicleta diminuindo os riscos de roubo, que já a usou em co-modalidade com quase todos os meios de transporte público disponíveis, que já apurou a arte de circular na estrada em igualdade com os carros, que é perito em usar a bicicleta para transportar as compras do supermercado, ou um par de miúdos,... etc, etc, afirmar que isso lhe dá automaticamente estaleca para fazer 200 km de enfiada por estradas nacionais, sem cuspir os pulmões depois dos primeiros 20 km e uma subida mais puxada.
Discordo dos 3 pontos que referiu, mas terão que ficar para outro dia, que por hoje já teclei muito. ;-)
(o que não é o seu caso, e só por isso ainda não desisti de trocar opiniões consigo).
Obrigada. :-) Espero que a troca de opiniões, experiências e pontos de vista seja sempre um enriquecimento mútuo e não um campo de batalha... ;-)
"(o que não é o seu caso, e só por isso ainda não desisti de trocar opiniões consigo)."
Muito pouco do que eu disse era consigo, Ana.
Noutro local voltaremos seguramente a falar.
Mas (só este alfinete) tenha cuidado a andar no meio do transito a 5 km/ hora. É perigoso para si, para os automobilistas e para os restantes ciclistas. É que 5 Km/ hora é a velocidade a pé.
E a pressa de contrariar o que eu digo, por mais óbvio que seja, é tão grande, que nem se lê com atenção os termos do tópico em discussão.
Se o meu filho mais novo com 7 anitos, em plano, faz médias de 12 km/hora sem esforço, muito abaixo do limiar anaeróbico, pois vai em amena cavaqueira comigo, quer-me convencer que existe alguma vantagem para o ciclismo em especial e para o mundo em geral com ciclistas a deslocarem-se na via publica a 5 Km/hora ? Para isso vamos a pé, não precisamos da bicicleta. Ou não será ?
O meu ponto, Ana, é a falta de respeito para com os outros que se revela com o uso que se dá´à via pública. Todos nos queixamos dos automobilistas, mas não são só eles.
Não aceito que escondido atrás de um pretenso direito absoluto de usar a via pública, alguns ciclistas - muitos daqueles para quem a Ana serve de advogada - afirmem que podem circular como querem, quando querem e à velocidade que querem. Não pode ser. Tem que haver regras de segurança. E aquela afirmação radical e extremista - para lá de ser disparatada - prejudica aquela parte do movimento ciclista que quer promover o uso da bicicleta em compromisso como o automóvel. Não contra o automóvel, mas com o automóvel.
Eu não quero usar a bicicleta para fins políticos, para criar uma sociedade nova a partir da bicicleta. Eu quero uma sociedade que me permita usar a bicicleta em segurança e que se possa modificar paulatinamente pela prevalência desse uso.
(poderei querer outro tipo de sociedade, mas não é pela instrumentalização da bicicleta.)
Se calhar, o que está aqui em causa é a eterna discussão geracional. Revolução ou evolução.
Agora, uso a bicicleta em cidade muito mais do que pensa. Não a uso no caminho casa-escritório porque tenho o Metro directo entre Roma e Baixa-Chiado.
Mas porque razão eu deixaria de usar o Metro que é tão prático e teria que usar a bicicleta só para me afirmar "da causa" ? è o uso "não-natural" da bicicleta que desacredita o movimento.
Francamente, andar a 5 à hora na via publica...ou a fumar um cigarro enquanto se pedala... E eu por criticar essas patetices, sou um perigoso de um reaccionário, muito provavelmente um tremendo dum fascista, não é ?
Vá lá, receba um respeitoso abraço, que é também de solidariedade ciclística.
Caro Paulo,
fiquei bem curioso para saber que página do IST é, gostava mesmo de ter mais informação. (apenas conheço a Lisboa Interactiva da CML, mas deixa muito a desejar).
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