E finalmente retomei as minha pedaladas pela cidade, diariamente, como meio de transporte. O prazer enorme que me dá, a condição física que melhora, o stress que reduz a cada dia que passa, o "estatuto" que me confere pelo facto de ser diferente mas socialmente cada vez mais aceite (refiro-me às vozes críticas que tive por parte de amigos e familiares quando lhes disse que ía fazer esta tese de mestrado) são argumentos de força que me impelem a continuar. Isso, e o facto de ter 2 mui exigentes orientadores de mestrado :)
Em vez de vos maçar com o descritivo do costume, vou começar agora a dar alguns dados técnicos dos meus percursos, que tenho retirado do velocímetro.
Hora inicial: 09:30h
Hora final: 17:30h
Distância total percorrida: 24.8 km
Altitude máxima: 100m
Altitude escalada: 120m
Número de viajens: 5 (casa - loja da biclas - Cidade Universitária - ISEL (Chelas) - Xabregas - casa)
Tempo total de viajem: 01:37h
Tempo médio por viajem (01:37h/5): menos de 20 minutos
Velocidade média: 15.5 km/h
Velocidade máxima: 50.75 Km/h (record pessoal, numa rua íngreme de Chelas :))
Batida cardíaca média: 107/minuto
Batida cardíaca máxima: 157/minuto (propositadamente "puxei" por mim numa subida no Bairro de Santos)
Outros dados curiosos:
Nos Restauradores coloquei todos os valores do velocímetro a zero e fiz algumas medições:
Dos Restauradores ao Marquês: 10':20", com uma batida cardíaca de 95, Vmédia de 12 km/h
Do Marquês ao topo da António de Augusto de Aguiar: 6':30', com uma batida de 115, Vmédia de 13km/h
Temperatura: 20.7º
Se tivesse usado o automóvel, teria emitido cerca de 4000g de CO2 para a atmosfera, bem como outros gases toxicos e particulas inaláveis. Teria gasto cerca de 2 litros de gasóleo, ou seja €2,40 bem como aumentado o desgaste do carro em mais 25 km.
Todos estes percursos foram percorridos a um ritmo calmo, com um esforço pouco superior ao de um peão. Como peão, a minha batida cardíaca ronda as 80 a 90 pulsações por minuto.
Percorri cerca de 75% do trajecto em estrada (Rua de São Paulo, laterais da Av. da Liberdade, Av. A.A.A., Bairro de Santos, Chelas, Santa Apolónia). Em passeio, zona pedonal ou jardim, na Rua Augusta, Av. Fontes P. Mello (um pequeno troço de 150m), da Praça de Espanha ao Bairro de Santos e na Cidade Universitária e Av. do Brasil. Considero estas 2 últimas, zonas 100% cicláveis fora de estrada. Têm passeios largos, áreas verdes e zonas pedonais em quantidade suficiente para peões e ciclistas co-habitarem em harmonia.
(passeio que circunda todo o campus do ISEL. 100% pedonal-ciclável)
Na marginal, percorri o troço da fábrica da Nacional até Xabregas por passeio, na Av. Infante D. Henrique.
(passeio na Av. Infante D. Henrique, na fábrica da Nacional. 100% pedonal-ciclável)
A lateral nascente (a que sobe) da Av. da Liberdade é uma via de tráfego com velocidades bastantes reduzidas e frequentadas maioritariamente por condutores profissionais (Carris, Táxi, Cargas), para além de ter na maioria da sua extensão largura suficiente para veículos e bicicletas em simultâneo, como já experiênciei com um autocarro.
Hoje, incrivelmente, os passeios da Av. do Brasil estavam "limpinhos". Não existiam carros indevidamente estacionados. Que bem que se circula por aqueles passeios com uns 7 ou 8 metros de largura (sem carros claro). Será que a polícia anda a "limpar" aquela zona? Se assim é, espero que continuem.
(passeio na marginal, próximo do Jardim do Tabaco. 100% pedonal-ciclável)
Um situação estranha. Por baixo do viaduto, em Santa Apolónia, alguém se esqueceu de deixar uma abertura para peões, obrigando as pessoas a saltar por cima do murete, e os ciclistas a pegar na bike. Curiosamente, aquela zona é usada como depósito e estacionamento de materiais e veículos da própria Câmara Municipal de Lisboa. Será que não se podia derrubar, nem que fosse apenas um daqueles blocos de betão? Mesmo sem querer? :)
Para terminar, sinto que andar de bicicleta pelas ruas da cidade de Lisboa não é de forma nenhuma impossível ou de extrema dificuldade. Nem sequer é radical. É perfeitamente possível utilizar as vias com tráfego e velocidades mais reduzidos, e em determinadas situações os passeios, zonas pedonais e jardins. Não é necessário sermos grandes atletas, até porque para determinado tipo de pessoas (obesos, p.e.) é menos cansativo andar de bicicleta do que a pé.
Posso andar mais ou menos depressa, consoante a vontade ou a necessidade. Um peão circula a 5km/h no seu ritmo médio. Na bicicleta posso circular a 20 km/h (em plano) ou a 10 km/h (a subir) no meu ritmo médio. A descer, posso atingir as velocidades que pretender, sem esforço.
O ritmo que imponho a mim próprio é independente do ritmo do tráfego automóvel ou dos peões. Sou eu que controlo o ritmo das minhas deslocações, e controlo o tempo a 100%. Não sou controlado, nem pelo tráfego automóvel, nem pelas horas de ponta.
Cumprimentos a todos.
8 comentários:
LOL! Quantas pessoas achas que são necessárias para mandar abaixo uma coisa dessas? ;))) Sem querer, claro está... :))
Confirma-se a "limpeza" dos passeios da Avenida do Brasil. Ainda hoje os usei na minha Mobiky para ir almoçar à Avenida da Liberdade, partindo daqui do Júlio de Matos.
Boa José. Então é mesmo para ficar "limpa". A Av. do Brasil pode ser o ponto de partida para uma Lisboa oficialmente mais ciclável.
Laura, como engenheiro civil, posso dizer-te que, infelizmente neste caso, o betão armado é mesmo duro e resistente :) Mas talvez uma carrinha de caixa aberta das da Câmara, conseguisse sem querer, de marcha atrás, derrubar aquilo :)
Um grande abraço e os meus agradecimentos à polícia nesta limpeza dos passeios da cidade :)
Sim concordo com isso mas as pessoas mais idosas não podem andar tanto de bicicleta.
mas isso não quer dizer que os outros não possam. por exemplo nos fins de semana ando de 20 30 km com muita subida da grande, mas só demora um hora o que não é muito(de carro demora 20 minutos) mas eu não poluo o ambiente(só na produção da bike e pneus)
Tenho reparado que o sentimento de liberdade é constante nos últimos posts. É isso que descobrimos na infância ao andar de bicicleta. Liberdade para ir descobrir novos lugares, estar com os amigos, afastar-se dos pais, autonomizar-se. É isso que re-descobrimos em adultos. Mais qualidade de vida, menor stress, menos gastos, observar em redor, sentir cheiros e sons. Redescobrir as nossas cidades. Como se parte de nós voltasse a viver, a afirmar-se.
boas. também gosto de saber estatísticas de bicicleta. As minhas pessoalmente não são muito diferentes das tuas, se bem que eu seja mais ciclista de estrada e montanha. Tenho também um "ciclómetro" (é o nome que se dá a essas coisas), são não tenho é um contador de pulsações, onde é que arranjaste isso ?
Atenção à recomendação para se andar no passeio!
Para além de ser proibido no CE, os peões já têm muita dificuldade em se movimentar devido ao pouco espaço dos que podem utilizar, se vamos 'roubar' os poucos passeios onde existe espaço para o fazer sem preocupações não estamos a melhorar a cidade!
Para além do que essa 'partilha' de espaços pode gerar conflitos como recentemente aconteceu no paredão de Oeiras e Cascais, onde as respectivas Câmaras chegaram a proibir a circulação de bicicletas:
http://metropoint.metro.lu/20070327_Lisbon.pdf página 5
Frederico
Sem querer ser "cagão" saliento a posição do Frederico e chamo a atenção para a palavra viagem, escrita por ti com j.
(Já mandei alunos meus ver o teu blog)
Gostaria, ainda, de deixar um sincero obrigado pela teimosia e dedicação à causa ciclista. Não posso de deixar uma nota àqueles que comparam esta nossa Lisboa com outros exemplos europeus; nós temos a cidade das 7 colinas, por isso ou tens músculo ou desistes. Por outro lado o ciclista de cidade nunca é bem visto(aqui ou na Holanda) pois não são o exemplo mais cordial e respeitador.(já andaram nas ruas de Amesterdão?)
Todavia, como utilizador deste meio, digo: Força nos pedais para todos!
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