De Santos a Belém
Pela zona ribeirinha, 20 km numa tarde
Tive oportunidade, na passada sexta-feira, de pedalar na - ainda em fase de obra - ciclovia até Belém, acedendo ao convite de 3 amigas Finlandesas de férias em Lisboa, que queriam visitar a Torre de Belém e ver o Rio, de uma forma que lhes é habitual no país delas: de bicicleta.
O grupo, em Belém.
Confesso que achei, ao início, desnecessário gastar-se 600 mil euros numa ciclovia de lazer, que em pouco iria beneficiar os utilizadores diários de bicicleta em Lisboa (por sinal em cada vez maior número), que pedalam pelo centro da cidade.
Pensei, mas enganei-me. A minha ignorância (ou o estranho hábito de falar daquilo que não sei ou ignoro) levou-me mais uma vez a falar sem conhecimento de causa. Depois de ter visto o projecto, e a obra no terreno, depois de ter visto que em determinados troços colocaram a ciclovia em "estrada", depois de a percorrer (mesmo ainda em obra), depois de ouvir a opinião destas 3 especialistas (que andam diariamente de bici no seu país) apercebi-me que ainda existe algo em abundância por cá: a ignorância dos que falam daquilo que não sabem.
Diariamente me convenço mais do potencial ciclável de uma cidade 70% plana ou com inclinações suaves, com um dos melhores climas da Europa, com um tráfego reduzido quando comparado com outras capitais (muitas delas cicláveis).
Percebe-se, quando se lê um post, se determinada pessoa sabe do que está a falar, ou se é um ignorante. Percebe-se se essa pessoa já utilizou ou não, com regularidade, a bicicleta como meio de transporte, seja em Lisboa, ou noutra qualquer cidade do mundo.
Este foi o maior obstáculo que tive de ultrapassar quando comecei o projecto dos "100 dias de bicicleta em Lisboa" : a ignorância de todos os que me rodeavam, desde familiares, amigos, colegas e alunos.
No início faziam afirmações inventando desculpas do tipo " ...as colinas", ou " ...o tráfego" ou ainda " ...o clima".
Agora, apercebendo-se que tinham sido invadidos pela ignorância, já não fazem afirmações, mas sim perguntas: "Afinal, Lisboa sempre são 7 colinas, ou não?"
Passagem Superior para peões, na estação de comboios de Belém. A REFER, sensível às questões de mobilidade, colocou calhas para bicicletas, nas escadas desta P.S. Parabéns à iniciativa !!!
Cumprimentos,
Paulo Guerra dos Santos
2592km de deslocação de bici em Lisboa, desde 01.01.2008